Três pré-candidaturas à prefeitura de Salvador que contrariam os interesses do governador Jaques Wagner, uma denúncia de fraude na eleição para a escolha do presidente estadual do partido e uma candidatura à prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Estado contestada pela maior expressão regional da legenda. É desta forma, envolvido em acirradas disputas internas, que o PT da Bahia inicia a caminhada rumo à sucessão municipal de 2008.
Na capital baiana, os deputados federais Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro, e o secretário estadual de Promoção da Igualdade, Luiz Alberto Santos, começaram a campanha em pleno Carnaval. Distribuíram abraços e sorrisos pelos camarotes durante os seis dias de folia, para desconsolo de Wagner, que preferia o apoio de seu partido à reeleição do prefeito João Henrique Carneiro, do PMDB.
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![]() ... à reeleição do prefeito de Salvador João Henrique Carneiro, do PMDB |
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Apesar da oposição sofrida pelo bloco de esquerda - PT, PCdoB e PSB - durante a votação para aprovar o novo Plano Diretor da cidade, João Henrique mantém quatro secretários petistas em sua administração: Carlos Alberto Trindade (Saúde), Gilmar Santiago (Governo), Maria das Dores Loiola Bruni (Desenvolvimento Social ) e Antônia Garcia (Reparação).
Devido à forte ligação com Wagner, Walter Pinheiro é o único dos pré-candidatos petistas que admite a possibilidade de o partido abrir mão de um candidato próprio em nome do apoio a João Henrique. Para o parlamentar, o PT não pode "ficar apenas centrado no próprio umbigo". "O PT amadureceu bastante nos últimos anos e tem que pensar também em 2010 que é um ano estratégico para a sigla".
Pinheiro teme que uma eventual disputa entre o PT e João Henrique abra brechas para que um candidato ligado ao carlismo chegue ao segundo turno das eleições, casos do ex-prefeito Antônio Imbassahy (PSDB), o deputado federal ACM Neto (DEM) e o apresentador de TV Raimundo Varela (PRB).
Nelson Pelegrino parte para a sua quarta tentativa à prefeitura de Salvador convicto de que as eleições anteriores fazem dele o nome mais conhecido da legenda, e portanto o mais gabaritado a pleitear o comando do Palácio Thomé de Souza, sede da prefeitura de Salvador.
O deputado federal disse ainda que a intenção é que o partido arrume um nome de consenso, "mas caso não haja nenhum entendimento, o embate entre os pré-candidatos será inevitável".
Pelegrino conta com as bênçãos do presidente do PT da Bahia, Marcelino Gallo, que refuta a candidatura do secretário estadual da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto Santos. Para Gallo, Santos só pode pleitear a indicação da legenda depois que se desincompatibilizar do governo estadual.
"Temos conversado com o governador Jaques Wagner e a pré-candidatura só não sairá caso haja uma outra via", diz Santos, que só abre mão da candidatura caso seja indicado para assumir uma pasta do governo Lula em substituição a Matilde Ribeiro, que demitiu-se da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial depois que estourou o escândalo dos cartões corporativos.
Sub júdice
O presidente estadual do partido, Marcelino Gallo também está envolvido num embate interno no PT. Numa disputa acirrada, realizada em dezembro, Gallo se declarou vencedor, com 500 votos de frente ao adversário Jonas Paulo, com a sua chapa "A esperança é vermelha".
Paulo, que não foi encontrado pela reportagem do UOL, contestou a eleição. Em entrevista ao blog "Política Livre", de Raul Monteiro, classificou o resultado da eleição interna do PT como "uma fraude grosseira e irresponsável". Lembrou ainda o episódio histórico de perda de eleição pelo ex-líder pedetista Leonel Brizola no Rio de Janeiro, em 1982, que virou emblema de fraude eleitoral no país. "É a mesma coisa do Proconsult, com Brizola", acusou.
O pleito ainda será decido oficialmente pela Executiva Nacional em reunião marcada para este final de semana, em Brasília.
Sobre a sucessão municipal, Gallo declarou que o PT está credenciado e é natural que oficialize uma candidatura própria, "pois sempre lançou nomes para a prefeitura de Salvador e também porque o partido hoje tem um forte apelo institucional, além de contar com os movimentos sociais, sindicatos e uma forte militância".
Contrariando Walter Pinheiro, o presidente estadual da sigla disse ainda que "ninguém no partido se manifestou em torno de apoiar alguma outra candidatura nas próximas eleições municipais".
Feira de Santana
Outro embate difícil por um espaço dentro da sigla se dá na composição da chapa que vai disputar o pleito em Feira de Santana, segundo maior colégio eleitoral baiano.
Principal favorito nas prévias do PT, o deputado estadual Zé Neto, teve sua candidatura declarada derrotada pela executiva do partido nas prévias locais. O parlamentar - que foi o mais votado naquela região durante as eleições para Assembléia Legislativa em 2006 - perdeu a indicação do partido por 41 votos de desvantagem em relação ao deputado federal Sérgio Carneiro.
Zé Neto contesta a legitimidade da candidatura de Carneiro. Alega que o filho do senador João Durval (PDT) e irmão do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PDT), foi eleito vereador em 2004 na capital baiana e só voltou a ter Feira de Santana como domicílio eleitoral após as eleições de 2006.
Para Zé Neto, o resultado das prévias em Feira tem que ser reavaliado. "Estou aguardando o recurso que impetramos, pois fiquei muito surpreso, uma vez que fui o vereador e o deputado mais votado naquela região nas três últimas eleições", observa.
Carneiro disse que não fala mais sobre o assunto. Ele apenas se limitou a dizer que já está dando prosseguimento à sua agenda de campanha. "Já me encontrei com lideranças de diversos segmentos em Feira de Santana, inclusive políticos do PV e do PC do B".
Ele descarta que o episódio possa enfraquecer sua candidatura. "Sempre fui ligado à região. É de Feira o meu primeiro título de eleitor e eu tenho uma identificação muito forte com aquele povo
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