terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

DOLAR ABAIXO DE 1,70

O dólar comercial caiu pelo sétimo dia seguido e fechou cotado a R$ 1,684 na venda. É a primeira vez, desde maio de 1999, que a moeda encerra o pregão negociada por menos de R$ 1,70. Nos últimos dias, o câmbio chegou a ficar nesse patamar por alguns momentos, mas acabou fechando um pouco acima desse nível.

A desvalorização nesta terça-feira foi de 1,29%. Na sexta-feira 15, a moeda americana havia encerrado o pregão a R$ 1,754; desde então, a queda acumulada é de 4%.

Um dos fatores que explicam a desvalorização do câmbio no Brasil é o aumento da diferença entre a taxa básica de juros nacional e a americana. Em janeiro, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) reduziu a taxa de 4,25% ao ano para 3%. Já a taxa da economia brasileira, a Selic, manteve-se no mesmo patamar, 11,25% ao ano.

Com isso, o investimento em papéis da dívida brasileira fica um pouco mais atraente, na comparação com a aplicação em títulos americanos. Esse cenário tende a atrair capital estrangeiro para o Brasil e, portanto, trazer dólares para dentro do país.

"Está todo mundo vindo para cá", disse Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy. "Existe uma confiança muito grande na economia brasileira."

Estrangeiro volta ao país
A alta da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos últimos pregões também ajuda a explicar a queda do dólar. Com a diminuição da tensão nos mercados financeiros internacionais, investidores estrangeiros vendem dólares para comprar ações (inclusive no Brasil), aumentando a oferta da moeda americana no país.

Nos últimos quatro pregões, a Bolsa brasileira acumula alta de 4,3%. Em fevereiro, até o dia 19, a diferença entre a entrada e a saída de investimentos estrangeiros no mercado nacional de ações (considerando o saldo de negociação direta) estava positiva em R$ 435 milhões. Em janeiro, ao contrário, os não residentes no país sacaram mais de R$ 4,7 bilhões na Bolsa paulista.

Tendência é cair mais
"A grande dúvida no momento não é se o dólar cairá, mas sim até onde cairá sem se tornar um relevante problema para o qual o Banco Central do Brasil não dispõe de estratégias técnicas", avaliou em relatório o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

Segundo ele, os instrumentos que o BC usa atualmente --leilões de "swap" reverso (compra da moeda no mercado futuro) e de compra à vista-- não só não evitam a queda do dólar como podem ajudar a alimentá-la.

Quando o BC compra mais do que o excedente de dólares no mercado, explicou o analista em relatório recente, os bancos têm espaço para aumentar suas operações de arbitragem.

Isso explica por que o dólar continuou a cair mesmo com o déficit em transações correntes de janeiro e no saldo semanal da balança comercial. De acordo com Vogeler, o mercado pouco repercutiu essas notícias, que poderiam justificar uma alta da moeda.

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