quinta-feira, 5 de junho de 2008

Revista da Globo evita capa com beijo entre sargentos gays do Exército

A revista semanal "Época", publicada pela editora Globo, cogitou colocar em sua capa a imagem de um beijo gay entre dois militares. Em sua última edição, a revista trouxe a história dos sargentos do Exército Laci Marinho de Araújo e Fernando de Alcântara de Figueiredo, que assumiram sua homossexualidade.

Reprodução
"Época" chegou a considerar a capa (à dir) com o beijo dos sargentos gays, mas optou por versão menos polêmica

A opção da capa da "Época" mostrava o beijo do casal, na boca. O sargento Araújo foi preso, na madrugada da quarta-feira (4), pelo Exército, acusado de deserção. Ele e o companheiro estavam na sede da Rede TV! em Barueri (Grande SP), onde participaram do programa "SuperPop", de Luciana Gimenez.

A direção da "Época" confirmou que a capa do beijo gay era uma das alternativas.

"A foto [do beijo gay] foi considerada. Normalmente trabalhamos com duas ou três alternativas de capa. Refletimos e optamos por dar a que foi publicada por julgá-la mais adequada", informou Paulo Nogueira, diretor editorial da editora Globo, por e-mail.

A capa escolhida pela revista mostra apenas Laci com a mão no ombro de Figueiredo. O blog da equipe de criação e design da revista postou as três opções de capa --a outra alternativa apenas retratava os rostos próximos dos militares, sugerindo a intenção do beijo.

A exemplo da revista "Época", a TV Globo também evita exibir beijo entre pessoas do mesmo sexo em suas produções. Foi o que aconteceu com "Duas Caras", que terminou no último sábado (31). Aguinaldo Silva, autor da novela das 21h, escreveu uma cena do beijo entre os personagens Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Lugui Palhares), mas a emissora proibiu o beijo.

Jobim nega discriminação contra sargentos gays do Exército

O ministro Nelson Jobim (Defesa) negou nesta quarta-feira que tenha ocorrido discriminação a dois sargentos do Exército que assumiram relacionamento homossexual em reportagem de capa da revista "Época" desta semana. Segundo Jobim, a questão está sendo examinada de acordo com as regras disciplinares do Exército.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo concedem entrevista a jornalista nas dependencias do predio da RedeTV em Barueri. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Sargentos do Exército aguardam prisão, na madrugada de hoje; veja galeria de imagens

"O problema não é de discriminação. A questão é verificar se os casos concretos se aplicam às regras disciplinares do Exército", afirmou Jobim após audiência pública na Câmara dos Deputados.

Os sargentos do Exército Fernando de Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo foram surpreendidos pela Polícia do Exército ontem (3) à noite após entrevista ao programa "Superpop", da RedeTV. Na atração, eles repetiram ao vivo a história contada na revista: que vivem juntos, em união estável, desde 1997.

O programa terminou com o prédio da Rede TV! cercado pela Polícia do Exército, que chegou ao local por volta das 23h30. A chegada do carro militar foi mostrada ao vivo no programa.

Araújo é considerado desertor das Forças Armadas e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça Militar desde o dia 21 de maio, segundo "Época". Ele foi preso ao sair da emissora, por volta das 4h de hoje.

O ministro disse que foi informado que um dos sargentos era desertor e, por isso, ele havia sido punido. "A informação que eu tinha é que esse cidadão era um desertor que tinha se afastado de suas funções", afirmou.

A questão da prisão do militar foi tratada em reunião fechada com o ministro pelos representantes da Frente Parlamentar pela Cidadania dos Gays, Bissexuais, Lésbicas, Travestis e Transexuais.

Para a presidente da frente, deputada Cida Diogo (PT-RJ), houve discriminação e desrespeito aos Direitos Humanos.

Sargento gay é transferido para Brasília; comissão do Senado acompanha caso

O Exército transferiu nesta quinta-feira para um Hospital Geral de Brasília o sargento Laci Marinho de Araújo, preso na madrugada de ontem (4) acusado de deserção. O sargento foi detido quando estava nos estúdios da Rede TV, onde participava, com seu companheiro, o também sargento do Exército Fernando de Alcântara de Figueiredo, do programa "Superpop".

Os sargentos afirmam que vêm sendo perseguidos no Exército desde que assumiram a relação homossexual. Os dois vivem em união estável desde 1997. Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e José Nery (PSOL-PA) estão reunidos com os sargentos no hospital, no setor militar urbano, para discutir o caso e garantir a integridade física e psicológica dos
sargentos.

Os sargentos foram para Brasília em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira). Araújo foi algemado e, segundo seu companheiro, empurrado para fora do avião quando desembarcaram em Brasília.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado instalou hoje uma grupo de trabalho para negociar com o Exército e o Ministério da Defesa uma solução para o impasse, uma vez que o Exército sustenta que Araújo cometeu crime de "deserção" --mas nega que haja qualquer "perseguição" em relação ao sargento.

Além de Suplicy e Nery, as senadoras Serys Slhessarenko (PT-MT) e Fátima Cleide (PT-RO) também integram o grupo de trabalho que vai acompanhar o caso dos sargentos.

No plenário do Senado, Suplicy disse que vai recomendar a Araújo que escreva uma carta aos Ministérios da Defesa e da Justiça, além do Comando do Exército, dizendo que não deseja ser desertor das Forças Armadas.

Prisão

Araújo tinha mandado de prisão expedido pela Justiça Militar desde o dia 21 de maio, segundo reportagem da revista "Época". O militar acabou preso por volta das 4h de ontem (4), após o mandado de prisão da Justiça Militar chegar via fax à RedeTV, responsável pelo "Superpop".

Segundo o Código Penal Militar, deserção é a ausência do militar, por mais de oito dias, sem licença, da unidade em que serve ou do lugar em que deve permanecer.

A pena é a detenção de seis meses a dois anos. Se for oficial, a pena é agravada. Como Araújo faz tratamento psiquiátrico com medicação controlada, foi encaminhado para um hospital do Exército em São Paulo, mas transferido para Brasília na tarde de hoje, onde mora com o companheiro.

Membros do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana), da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e do CRM (Conselho Regional de Medicina) estiveram ontem à tarde no hospital do Exército, em São Paulo, onde Araújo esteve internado. O sargento passou por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e foi encaminhado para a unidade, acompanhado de Figueiredo.

Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Condepe, a instituição negociou para que Araújo tivesse o acompanhamento de Figueiredo devido ao seu estado emocional abalado.

Sargento gay detido em hospital será transferido para prisão em Brasília

O Exército deve transferir para um presídio em Brasília o sargento Laci Marinho de Araújo, preso na madrugada desta quarta-feira acusado de deserção. Ele foi detido quando estava nos estúdios da Rede TV, onde participava, com seu companheiro, o também sargento do Exército Fernando de Alcântara de Figueiredo, do programa "Superpop".

Os sargentos são tema de reportagem de capa da revista "Época" desta semana sobre o relacionamento homossexual que mantém. Eles vivem em união estável desde 1997, segundo a reportagem.

Membros do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana), da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e do CRM (Conselho Regional de Medicina) estiveram na tarde de hoje no hospital do Exército, no Cambuci (região central), onde Araújo está internado.

O sargento foi encaminhado para o hospital porque faz tratamento psiquiátrico com medicação controlada. Ele passou por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e foi encaminhado para a unidade, acompanhado de Figueiredo. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Condepe, a instituição negociou para que Araújo tivesse o acompanhamento de Figueiredo devido ao seu estado emocional abalado.

Os representantes das comissões visitaram Araújo no hospital para garantir sua integridade física e psicológica, segundo Alves. Quando chegaram à unidade, foram informados de que a equipe médica deu parecer favorável à transferência de Araújo para a prisão do Exército em Brasília.

"Achamos que não é o caso de prisão porque ele está em tratamento. Ele [Araújo] está deprimido pela situação [prisão]. Não tem condições de ser transferido", afirmou o advogado Francisco Lúcio França, da comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Segundo ele, Figueiredo já recebeu autorização para acompanhar Araújo no vôo para Brasília, no entanto, os representantes das comissões tentarão reverter a decisão do Exército. Uma perícia será solicitada ao CFM (Conselho Federal de Medicina) para comprovar que Araújo não tem condições de ficar detido em uma prisão, segundo França.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo concedem entrevista a jornalista nas dependencias do predio da RedeTV em Barueri. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Sargentos do Exército aguardam prisão, na madrugada de hoje; veja galeria de imagens

Deserção

Araújo é considerado desertor do Exército e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça Militar desde o dia 21 de maio, segundo reportagem da "Época". Ele foi preso, por volta das 4h de hoje, após o mandado de prisão da Justiça Militar chegar via fax à emissora.

De acordo com o artigo 187 do Código Penal Militar, deserção é a ausência do militar, por mais de oito dias, sem licença, da unidade em que serve ou do lugar em que deve permanecer.

A pena é a detenção de seis meses a dois anos. Se for oficial, a pena é agravada.

Desespero

Ao saber que seria preso ao sair da emissora, o sargento Araújo entrou em desespero. Ele ainda participava do programa "Superpop".

"Eu vim em rede nacional para resguardar a minha vida. Porque a televisão atinge mais pessoas do que a revista. Se eu for preso eu vou morrer, será queima de arquivo", declarou o militar.

A apresentadora Luciana Gimenez informou que não podia fazer nada pelo militar. Ela se despediu do público para o encerramento do programa, mas ainda era possível ler os lábios do sargento de Araújo, que balbuciava: "Eu não vou me entregar".

A Folha Online falou com a Rede TV!, que não vai comentar o assunto.

Exército

Em seu site oficial, o Exército publicou uma nota sobre o episódio. Leia na íntegra:

"A propósito da matéria veiculada na última edição do periódico "Época" e em emissora de televisão, envolvendo militares do Exército, o Centro de Comunicação Social do Exército esclarece que aqueles militares já respondem a procedimentos judiciais, que estão na esfera da Justiça Militar da União.

As medidas cabíveis que a situação exige estão sendo adotadas de forma tempestiva, sem se descuidar dos princípios basilares da carreira das armas, enunciados no Estatuto dos Militares, dentre outras leis e respectivas regulamentações.

O Exército cumpre rigorosamente os instrumentos legais, agindo com impessoalidade e observando os direitos pétreos previstos na Constituição Federal".

Programa de Luciana Gimenez termina com prisão de sargento gay pelo Exército

O programa "SuperPop", apresentado por Luciana Gimenez na noite de ontem (3), terminou em prisão. A atração entrevistou os sargentos do Exército Fernando de Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo, que assumiram relacionamento homossexual em reportagem de capa da revista "Época" desta semana.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: Militares na entrada da RedeTV em Barueri. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Soldados do Exército cercam prédio da Rede TV! para efetuar prisão de sargento

Na atração, os dois sargentos repetiram, ao vivo, a história contada na revista: que vivem juntos, em união estável, desde 1997. O programa terminou com o prédio da Rede TV! cercado pela Polícia do Exército, que chegou ao local por volta das 23h30. A chegada do carro militar foi mostrada ao vivo no programa.

Vote em nossa enquete sobre a prisão do militares gays.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: O Sargento Laci Marinho de Araujo deixa IML central de Sao Paulo, apos fazer exame de corpo de delito. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Sargento Laci de Araujo deixa IML central de Sao Paulo, após exame de corpo de delito

Um dos sargentos, de Araújo, é considerado desertor das Forças Armadas e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça Militar desde o dia 21 de maio, segundo "Época". Ele foi preso ao sair da emissora, por volta das 4h de hoje. Houve negociação com a presença de representantes do Condep (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).

A presença do Exército na porta da Rede TV! --em Barueri, na Grande São Paulo-- foi informada a Luciana Gimenez por uma produtora, que cochichou no seu ouvido a informação. Ao vivo, a apresentadora afirmou estar assustada com aquilo tudo: "Em sete anos de 'SuperPop' é a primeira vez que passo por uma situação desta", disse.

O sargento de Araújo se desesperou, ao saber que o Exército iria prendê-lo. "Eu vim em rede nacional para resguardar a minha vida. Porque a televisão atinge mais pessoas do que a revista. Se eu for preso eu vou morrer, será queima de arquivo", declarou o militar, exaltado.

Luciana respondeu: "O que eu posso fazer? Você veio aqui por livre e espontânea vontade", falou. A apresentadora se despediu do público, mas ainda era possível ler os lábios do sargento de Araújo, que balbuciava: "Eu não vou me entregar". Seu companheiro, sargento Alcântara, aparentava mais calma.

Como está doente [a doença não foi revelada pelo militar] e faz uso de remédios controlados, após ser preso, Araújo foi levado para o IML, onde fez exame de corpo de delito e, depois, para o Hospital Militar, no Cambuci, região central de São Paulo.

A Folha Online falou com a Rede TV!, que não vai comentar o assunto. A assessoria do Exército informou que enviará nota oficial sobre o caso nas próximas horas.

Veja galeria de imagens da prisão.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo concedem entrevista a jornalista nas dependencias do predio da RedeTV em Barueri. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Primeiros militares a assumir homossexualidade, sargentos Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo aguardam prisão na Rede TV!; soldados do Exército cercaram prédio da emissora para prender Araújo

Ministro da Defesa discute prisão de sargento gay do Exército com Frente Parlamentar

O ministro Nelson Jobim (Defesa) vai se reunir nesta quarta-feira (4) com representantes da Frente Parlamentar pela Cidadania dos Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais para discutir a prisão ocorrida na madrugada desta quarta-feira (4) do sargento do Exército Laci Marinho de Araújo após participar do programa "SuperPop", apresentado por Luciana Gimenez, na RedeTV!.

Araújo e o também sargento do Exército Fernando de Alcântara de Figueiredo participaram ontem do programa. Os dois são capa da revista "Época" desta semana, na qual se assumem como primeiro casal militar gay a reconhecer a união estável.

Os dois assumiram relacionamento homossexual em reportagem de capa da revista "Época" desta semana. No "SuperPop", os dois contaram que vivem juntos, em união estável, desde 1997.

A presidente da frente, deputada Cida Diogo (PT-RJ), disse que quer saber de Jobim as razões da prisão do sargento. Para ela, é fundamental esclarecer os crimes que pesam contra Araújo.

A senadora Fátima Cleide (PT-RO) também quer discutir o assunto com Jobim em audiência reservada. Elas aproveitaram a presença de Jobim na sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para encaminhar o pedido de explicações.

"Eu temo que tenha havido um desrespeito aos direitos desses dois militares, e desconfio de discriminação por orientação sexual", afirmou Cida Diogo.

Já o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pediu para participar da audiência reservada da frente que defende os direitos dos homossexuais com o ministro Jobim. Segundo Bolsonaro, um dos sargentos foi preso justamente porque era "desertor" do Exército brasileiro.

Apu Gomes/Folha Imagem
MILITARES GAYS - SAO PAULO - 04 DE JUNHO DE 2008 - Soldados do Exercito cercaram, por volta das 23h30 de ontem, o predio da Rede TV, em Barueri, para prender dois sargentos do Exercito que foram ao programa Superpop, contar sobre sua relacao homossexual estavel, assumida em entrevista a revista Epoca. Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo protagonizam o primeiro caso de homossexuais assumidos na corporacao e Araujo e considerado desertor pela Justica Militar. A prisao do Sgt Araujo foi cumprida as 3hs de hoje, ele foi encaminhado para o Hospital de Militar, localizado no IV Comar, regiao do Cambuci. NA FOTO: Os Sargentos Fernando Alcantara de Figueiredo e Laci Marinho de Araujo concedem entrevista a jornalista nas dependencias do predio da RedeTV em Barueri. ( Foto: Apu Gomes / Folha Imagem, Cotidiano)
Primeiros militares a assumir homossexualidade, sargentos Fernando Alcântara de Figueiredo e Laci Marinho de Araújo aguardam prisão na Rede TV!; soldados do Exército cercaram prédio da emissora para prender Araúj

Lula abre Conferência Nacional de Gays

O presidente Lula vai abrir, na noite desta quinta-feira (5), a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, em Brasília. Há uma expectativa dos militantes quanto ao discurso do presidente principalmente depois da repressão do Exército à saída do armário de um casal de sargentos do Exército.

Estrategicamente, o governo evita atritos com as Forças Armadas nesta questão, ou seja, não será Lula quem colocará lenha na fogueira --o próprio presidente não tem um bom histórico de referências positivas em relação aos homossexuais (em 2000, o petista chamou a cidade gaúcha de Pelotas de pólo exportador de viados).

Apu Gomes/Folha Imagem
Sargentos assumem homossexualidade na mídia, mas enfrentam repressão militar
Sargentos assumem homossexualidade na mídia, mas enfrentam repressão militar

Hoje o ministro Nelson Jobim (Defesa) já tratou de negar ocorrência de discriminação no caso dos sargentos --um deles foi preso por ser considerado desertor. Para evitar críticas de omissão no caso, Lula tem em suas mãos o projeto "Brasil sem homofobia". Também tem dados de que, em seu governo, o número de paradas do orgulho GLBT bateu recorde, com liberação de dinheiro e apoio público para eventos organizados por ONGs ligadas à causa gay.

Estatais como Caixa Econômica Federal e Petrobras, por exemplo, são patrocinadores da Parada Gay de São Paulo. O Banco do Brasil já estendeu benefícios, como plano de saúde, a parceiros de funcionários homossexuais. São avanços pontuais dentro de uma estrutura pública ainda extremamente preconceituosa.

Por outro lado, no Congresso, a bancada do governo faz muito pouco para tirar do papel projetos de lei de interesse da comunidade gay, como a união civil e o texto que criminaliza a homofobia. São matérias que esbarram nas negociações das bancadas evangélicas e cristãs.

"Braço Forte, Mão Amiga". Esse é o lema do Exército brasileiro. No caso dos sargentos que expressaram sua homossexualidade na mídia, de cara limpa, sobrou braço forte, faltou mão amiga. Afinal, os milicos jamais vão permitir um precedente como a exposição de homossexuais fora ou dentro da caserna, pois enxergam o risco de uma desmoralização de sua autoridade.

Em sintonia com os países mais conservadores, como os EUA, o Brasil impõe a política do silêncio aos militares homossexuais, sob pena de punições. Desconectadas das discussões liberais do mundo, as Forças Armadas, acusadas de diversos crimes bárbaros e hediondos durante o regime militar, apenas refletem o atraso intelectual, cultural e moral de um país truculento, autoritário e cego para a evolução de questões como os direitos humanos. "Braço Forte, Mão Amiga". Há algo mais homoerótico do que esse lema?

Modelo Dan Smith, que desfilou na São PaulO Fashion Week, mostra sua nudez na edição de junho da

Modelo Dan Smith, que desfilou na SP Fashion Week, é capa da nova "G", que chega às bancas nesta semana

São Paulo, a terra do sexo gay

Folha Imagem
Além de promover a maior Parada Gay do mundo, São Paulo possui uma promissora indústria do entretenimento para o público GLS

Além de promover a maior Parada Gay do mundo, São Paulo possui uma promissora indústria do entretenimento para o público GLS

São Paulo popularizou o termo "balada" como sinônimo de festa e vida noturna. É um indício de que a cidade domina o assunto. Sem um mar na esquina e com as manhãs livres de sábado ou domingo, a diversão preferida de muitos paulistanos (de berço ou por adoção) é mesmo se jogar até altas horas da noite, dançar, beber, paquerar e beijar, principalmente nos finais de semana.

Hoje, a capital ostenta uma das maiores indústrias de entretenimento para o público GLS na América Latina. São dezenas de bares, boates, saunas, cinemas e festas temáticas. Nos clubes, a convivência entre as tribos avançou nos últimos anos. Nas pistas, ouvindo o mesmo tipo de som, em um ambiente de alegria e êxtase, héteros revelam uma tolerância maior à presença gay.

Esse segmento do setor de diversões chega a funcionar em regime 24h, como alguma saunas e cinemas de sexo, com atividade mais intensa nas vésperas de feriados, quando a cidade recebe número maior de turistas, além de moradores da Grande SP e interior.

As megaboates são as principais impulsionadoras desse movimento de encontro festivo entre noctívagos de diferentes orientações sexuais. Atualmente, os grandes clubes buscam áreas industriais, principalmente na zona oeste, fora dos circuitos tradicionais (Jardins e Centro), onde há menos trânsito ou problemas com excesso de barulho e queixas da vizinhança.

Vistos no passado como chefes de um negócio marginal, os empresários bem-sucedidos da noite profissionalizaram sua gestão e adotaram discursos dos setores tradicionais da economia (como o "respeito ao consumidor", a "corrida pela qualidade" e a "função social" do seu negócio de gerar empregos e impostos). Hoje comandar um clube noturno virou um caminho para se obter fama, status e até influência política e econômica na região.

Antes vivendo na penumbra e em círculos restritos, algumas saunas e clubes de sexo começaram a se apresentar, criando sites e divulgando suas localizações - muitas instaladas em bairros nobres, de perfil discreto, como Higienópolis, Perdizes, Aclimação, Vila Mariana e Brooklin. Já os bares investiram em seus nichos de mercado e tentam sobreviver às fiscalizações e às queixas de condomínios sobre o excesso de barulho.

Folha Imagem
Na época da Parada Gay, lugares como o parque de diversões Playcenter promovem festas para gays, lésbicas e simpatizantes
Na época da Parada Gay, lugares como o parque de diversões Playcenter promovem festas para gays, lésbicas e simpatizantes

Entre os destaques das última temporada da noite, o público feminino ampliou sua visibilidade. Nos últimos anos, eclodiram mais festas e points para as meninas. As atrações também são mais ecléticas: o som não fica só no bate-estaca, há espaço para a música brasileira ao vivo, novos talentos do rock. Elas também evitam uma apologia exagerada à estética dos corpos sarados e são entusiastas da comida saudável, principalmente oriental e vegetariana.

Mas São Paulo também é o paraíso do sexo gay, uma cidade dos sonhos, das fantasias, dos desejos e dos prazeres. Aqui, tudo tem seu preço. Vale pechinchar. Nas ruas, a paquera é violenta, nos redutos do circuitão cor-de-rosa. Olho no olho. Olho na altura do abdômen. Olho no olho. Sorrisinho discreto. E crau, a isca fisgou o peixe, a ratoeira funcionou.

Ao redor de clubes e bares, funciona uma rede de motéis com o "M" disfarçado em "H" em seus letreiros luminosos. Nas calçadas, garotos de programas indicam diversas opções de hospedagem rápida nas redondezas. Muitos já combinam preços especiais com os donos desses estabelecimentos.

O michê mais barato da cidade custa R$ 5. Pode ser obtido em um cinemão chamado Sala São Paulo, ao lado da Galeria do Rock, no largo Paissandu, a uma quadra do cruzamento das avenidas Ipiranga e São João. Foi esse valor promocional que um garoto de programa fixou, reclamando da baixa freqüência de clientes. Ele conta que tem de sair por dia com seis homens para obter por R$ 60, quantia necessária para que ele pague seu aluguel e sobreviva.

Em saunas na região central de São Paulo, profissionais cobram R$ 50 por uma transa e R$ 30 por uma massagem ou "brincadeira", como eles costumam dizer.

Em sites de acompanhantes que atuam na cidade, uma visita com uma hora de duração custa a partir de R$ 100, incluindo o gasto do rapaz com o transporte. A negociação é objetiva, com detalhes abertamente combinados entre as partes, como as posições sexuais autorizadas e os fetiches envolvidos (se for o caso).

Os banheiros públicos são points de intensa paquera, explícita troca de carícias e jogos sexuais de todos os tipos, em dupla, trio e até grupo. Shoppings centers, estações do Metrô, becos, escadas, passarelas, viadutos, tudo é uma arena para o flerte.

No Minhocão (como é conhecido o elevado Costa e Silva, considerado uma aberração de arquitetura urbana por muitos críticos), a presença gay eclode após a Companhia de Engenharia e Tráfego da cidade interromper o fluxo de veículos, bloqueando as rampas de acesso. De segunda a sábado, entre 21h30 e 6h30, e durante todo o domingo, o Minhocão é dos pedestres, ciclistas, famílias passeando com cães e gatos, ao longo de 3,4 quilômetros de extensão.

Na madrugada, noctívagos andam à procura de companhia, de drogas ou de sexo anônimo, sem compromisso.

Na praça da República, nos cinemões e cabines de sexo da rua Aurora, entre Vieira de Carvalho e av. Rio Branco, predomina a interação com o público de baixa renda e maduro.

Folha Imagem
Parque Ibirapuera, o mais famoso da cidade, é dos principais lugares de convivência e paquera gay na capital paulista
Parque Ibirapuera, o mais famoso da cidade, é dos principais lugares de convivência e paquera gay na capital paulista

Meninas lésbicas e roqueiras gostam de andar pela rua Augusta, principalmente entre a avenida Paulista a rua Peixoto Gomide. Na rua Frei Caneca, encontra-se de tudo. Na rua Haddock Lobo, esbarra-se com a turminha mais fashionista.

Salas de exibição de filmes de arte, teatros alternativos, galerias de exposições, feiras culturais e museus seduzem os mais discretos, descolados e cultos. Vale também um bom passeio por lojinhas, bares e restaurantes da Vila Madalena (caminhe pelas ruas Aspicuelta, Inácio Pereira da Rocha, Fradique Coutinho, Fidalga, Girassol e Harmonia).

Para quem prefere pegar o carro e explorar a noite, o roteiro inclui as avenidas ao redor do parque do Ibirapuera, como a República do Líbano, a Alameda Santos, no trecho que corta o Trianon, na esquina com Alameda Casa Branca. Na região do Copan, no centro, a prostituição gay e transex acontece nas calçadas das ruas do Arouche, Rego Freitas, Bento Freitas e Marquês de Itu --travestis costumam ficar também na rua Amaral Gurgel, próximo da faculdade Mackenzie.

O perigo mora em todos os points da cidade. Não há só riscos de roubos ou humilhações. De violência física também. A solidão grita até em ambientes aparentemente animados. E a energia sexual fala mais alto na terra de todos os pecados

Um comentário:

Anônimo disse...

parada gay para min e todo ano