Maior obra em 30 anos
A mais importante obra viária de Salvador nos últimos 30 anos deverá ser executada pelo PAC. Com um investimento de R$ 381 milhões, a Via Expressa promete uma grande modificação no trânsito na área central da capital baiana. No percurso, estão previstos três túneis, quatro passarelas, 14 elevados (4,1 mil metros), uma ciclovia, 35,5 mil metros de passeio e 23,2 mil metros de pista de rolamento com 10 faixas de trânsito (quatro exclusivas para veículos de carga).
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Além disso, nas últimas duas décadas, foram criadas na cidade somente cinco grandes avenidas, o transporte coletivo é ineficiente e projetos de construção do metrô se arrastam, sem sucesso, desde o final do século passado. "Existem muitos projetos em desenvolvimento à espera de verbas para a implementação", disse o coronel Adelson Guimarães, superintendente da engenharia e tráfego da Prefeitura de Salvador.
O cronograma inicial do metrô previa que o primeiro trecho, de 13 quilômetros, seria entregue à população em 2003. Além dos cinco anos de atraso, os bloqueios de vias provocados pelas obras e as greves de operários têm ajudado a atrapalhar o trânsito em Salvador.
Ao mesmo tempo em que aguarda a liberação de verbas para a execução de projetos viários, a prefeitura autorizou a construção de shoppings e outros grandes empreendimentos imobiliários em áreas de grande fluxo, medida que ampliou os transtornos provocados pelo trânsito.
"A única alternativa para acabar com o caos no trânsito é o investimento no transporte coletivo de qualidade, mas praticamente nada é feito pela administração municipal nesse sentido", disse o arquiteto e urbanista Armando Branco, um dos maiores estudiosos do trânsito em Salvador.
De acordo com ele, o sistema de transporte coletivo de Salvador é caótico. "São 2.500 ônibus que não conseguem atender toda a demanda, que é de 1,5 milhão de passageiros por dia", disse. "A frota também está envelhecida e os ônibus não oferecem conforto à população", acrescentou o arquiteto e urbanista.
O urbanista Carl von Hauenschild, que trabalha no IAB (Instituto dos Arquitetos da Bahia), disse que, além do investimento no transporte de massa, a solução para os problemas do trânsito em Salvador passa pela utilização de "veículos" alternativos, como as bicicletas. "Os carros particulares têm de sair das ruas. Como está, o trânsito é mesmo inviável. O problema é que a topografia de Salvador não ajuda e a prefeitura, por falta de investimento nos últimos anos, não oferece conforto e alternativas suficientes para os proprietários deixarem os seus carros nas garagens."
Vias exclusivas
Há dois anos, por determinação da prefeitura, foram criadas vias exclusivas para os ônibus nas principais avenidas de Salvador. Por falta de fiscalização, a área delimitada para o transporte coletivo não é respeitada. "Não adianta a prefeitura criar um projeto se não tem condições de colocá-lo em prática. As vias exclusivas existem em Salvador, mas não funcionam porque todos os proprietários de carros invadem o espaço", diz Luiz Alberto dos Santos, que trabalha como motorista de ônibus.
O coronel Adelson Guimarães tem outra opinião. "A frota de Salvador se move a uma média de 30 km por hora, o que é um padrão aceitável para as grandes metrópoles." Segundo o superintendente de engenharia e tráfego da capital baiana, "Salvador está longe de ter os problemas no trânsito enfrentados por motoristas de São Paulo, Rio de Janeiro ou até mesmo Belo Horizonte".
"Também estamos retirando os semáforos em alguns pontos para aumentar a velocidade de escoamento, mas não podemos deixar de levar em conta que, todos os meses, entre 4.500 e 5.000 carros novos são incorporados à frota de Salvador."
Estacionamentos
Outro problema crônico enfrentado pelos motoristas de Salvador é a falta de estacionamentos. "Não existe nenhum planejamento urbano. Nas áreas mais nobres, existem licenças para a construção de todos os tipos de empreendimentos, mas a prefeitura lavou as mãos para os estacionamentos. Por falta de vagas, os motoristas estacionam em qualquer lugar, o que complica ainda mais o trânsito", disse Armando Branco.
"Os técnicos do município precisam planejar a cidade para os próximos 30, 40 anos, e não fazer obras paliativas, pela exigência das demandas, que cada vez são maiores", afirmou o urbanista Carl von Hauenschild, do IAB.
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