terça-feira, 24 de junho de 2008

Novas grifes e maior curiosidade dão destaque a homens no SPFW

Modelo desfila para Rosa Chá no Sao Paulo Fashion Week. Foto: Paulo Whitaker

Na moda masculina, pouca coisa muda com o passar das temporadas, mas dizem que só um botão pode fazer toda uma revolução.

Enquanto isso não acontece, todos esperam pela oportunidade de captar algo novo para o armário dos homens, ainda mais agora com a estréia de duas grifes exclusivas de moda masculina no São Paulo Fashion Week -- a Rosa Chá e a Reserva.

"Nunca o homem esteve tanto no centro das atenções, nunca vi tanta gente interessada", afirmou o editor de moda especializado no assunto Lula Rodrigues.

"O homem também está mudando. O europeu e o americano consomem moda, e o brasileiro está começando a olhar para isso agora."

Entre as novidades desta temporada, que acaba nesta segunda-feira, Lula cita a silhueta do homem, que tem aparecido mais ampla nos desfiles de moda primavera verão.

"A tirania do skinny começa a ficar mais confortável", disse o editor sobre o modelo de calça com elastano, bem colada ao corpo.

A grande mudança, no entanto, será quando os homens passarem a adotar, no mundo todo, os ternos mais inventivos exibidos nas passarelas internacionais, no lugar do tradicional terno de três botões. "Quem conseguir isso vai para o hall da fama", disse.

A Rosa Chá, de Amir Slama, muito famosa pela moda praia feminina, fez sua estréia no SPFW com sua linha para homens. Causou furor ao colocar um homem pelado tomando uma chuveirada na boca de passarela. E apresentou sungas minúsculas e outras nem tanto, com destaque para uma com bolsinho e porta-celular.

A Reserva, que veio do Fashion Rio, fez seu desfile nesta noite de segunda-feira, último dia de SPFW. Animou os fashionistas com uma paleta de cores fortes, como uma jaqueta pink quase fluorescente, e outras peças com muitas listras e alguns xadrezes.

NADA DE MODA FÁCIL

Mario Queiroz, um dos pouquíssimos que só desfilam moda masculina no SPFW, apresentou no domingo uma coleção inspirada nos trabalhos do artista cinético Jesús-Rafael Soto para criar estampas em amarelo-ouro.

A idéia de movimento tirada da obra de Soto foi usada em uma regata toda bordada com filetes de canutilho branco e preto. É a peça mais cara da coleção, cujo bordados custaram 1.500 reais.

"Isto é para mostrar que moda masculina não quer dizer moda barata, nem moda fácil", disse o estilista, explicando que se tratava de uma peça única e que estaria na loja.

Ele também bordou paetês metalizados em camisas sociais, de forma mais discreta. "Bordados e aplicações a gente reconhece como coisas femininas, mas a minha missão é essa, é perguntar por que essas coisas são femininas?", disse.

Na passarela de seu desfile estava o dentista e colecionador de arte Dario Zito, 41 anos, tomando nota de cada look da apresentação. Disse que gostou de quatro peças, incluindo uma camisa de tricoline, e que costuma ir na loja atrás do que lhe chamou atenção na passarela.

"Gosto de desfiles de moda porque misturam arte, cultura, comportamento, está tudo interligado", disse Dario. "De cada desfile, dá para usar uns 10 por cento, tem muita coisa exagerada, sou mais conservador".

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