domingo, 13 de julho de 2008

Rodrigo Santoro canta em musical sobre bossa nova

Em "Os Desafinados", novo longa-metragem do cineasta Walter Lima Jr. ("A Ostra e o Vento", "Inocência"), o Brasil ingressa na modernidade, e os jovens têm saudades do futuro.

Reprodução
Quarteto tenta sorte em NY em
Quarteto tenta sorte em Nova York em "Os Desafinados", novo filme de Walter Lima Jr.

"Fiz um filme sobre brasileiros artistas que sonhavam em levar sua arte para fora do país", disse o diretor à platéia do 1º Festival de Paulínia, antes da exibição do título na competição, anteontem.

A maior parte da trama se passa nos anos 60, em Nova York, onde o quarteto Os Desafinados (vivido por Rodrigo Santoro, Ângelo Paes Leme, André Moraes e Jair Oliveira) tenta o sucesso, na onda do crescente prestígio de seu estilo musical, a bossa nova.

Lima Jr. relacionou os sonhadores de seu filme com a ambição de Paulínia em se transformar num pólo nacional e internacional de produção de filmes, da qual são expressões o festival e sua sede -o recém-inaugurado Teatro Municipal.

"Estou tão espantado com o tamanho desse sonho", diz. "Isso [o longa] se confunde um pouco com a permanência do sonho dentro do cinema."

Em torno dos Desafinados há o amigo cineasta Dico Pereira (Selton Mello) e uma mulher pela qual quase todos se apaixonam, a cantora Glória (Cláudia Abreu).

Mas Glória só tem olhos e ouvidos para Joaquim (Santoro). Abreu e Santoro cantam, sem ter as vozes dubladas, no primeiro "diálogo" de seus personagens --um dueto de "Copacabana", premonitório de que hão de se perder no amor.

Musical sobre o surgimento da bossa nova, "Os Desafinados" é "encorpado com as vivências das pessoas que eu observei e com as minhas vivências", afirma Lima Jr., que assina também o roteiro.

No filme, embora o personagem de Selton Mello, Dico Pereira, carregue o sobrenome de Nelson Pereira dos Santos, ele tem semelhanças também com diversos cinemanovistas.

Quando está em Nova York com Os Desafinados, Dico registra informalmente o trabalho dos amigos. De volta ao Rio, ele filma "Bala Certeira", com o fotógrafo Dib. Instalada a ditadura no Brasil, Dico vê seu filme ser amputado pela censura, ao mesmo tempo em que uma cópia "contrabandeada" para fora do país vence um festival em Moscou.

O real Dib Lutfi, nome central do cinema novo, colaborador de Nelson Pereira nos anos 60, de fato fotografou "Bala Certeira", o filme dentro do filme em "Os Desafinados".

Dos anos 60 para cá, Lima Jr. avalia que "o cinema no Brasil ficou adulto; deixou de falar para o próprio umbigo e passou a falar para muita gente". Um movimento acertado, na opinião do cineasta. "O cinema não é um poema na gaveta. É muito caro para ser assim."

A estréia de "Os Desafinados" está prevista para o dia 29 de agosto. De acordo com a calorosa reação da jovem platéia de Paulínia, Lima Jr. conseguiu fazer um filme sobre a bossa nova pelo qual também batem os novos corações.

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