segunda-feira, 14 de julho de 2008

Machado de Assis é homenageado no Museu da Língua Portuguesa

Divulgação
Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, recebe exposição que homenageia a obra do escritor brasileiro Machado de Assis
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A partir desta terça (15) o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, recebe exposição em homenagem à obra do escritor brasileiro Machado de Assis (1839 - 1908). Este ano é comemorado o centenário da morte do escritor.

Composta por cenografia que remete à época em que Machado viveu, obras gráficas e projeções multimídia, a mostra se chama "Machado de Assis: 'mas este capítulo não é sério'", título que faz referência a um dos capítulos de "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

Na exposição é possível ver a recriação de uma sala do século 19 -- com objetos que faziam parte da rotina do escritor, como um piano --, imagens do Rio de Janeiro da época em que o autor viveu e da atualidade, além de um corredor que apresenta, em suas paredes, a cronologia de vida de Machado de Assis, de seus últimos momentos de vida até seu nascimento.

São também projetados vídeos com admiradores famosos da obra do escritor carioca, como a atriz Malu Mader e o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, lendo trechos de livros do autor.

Com arquitetura de Pedro Mendes da Rocha, curadoria de Cacá Machado e Vadim Nikitin, consultoria de José Miguel Wisnik e coordenação geral de Ana Helena Curti, a exposição fica até 26 de outubro em cartaz e pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 17h.

"MACHADO DE ASSIS: 'MAS ESTE CAPÍTULO NÃO É SÉRIO'"
Quando
de 14/7 (abertura para convidados) a 26/10
Onde: Museu da Língua Portuguesa (pça. da Luz, s/nº. Tel.: 0/XX/11 3326-0775)
Quanto: de terça a domingo, R$ 4; aos sábados, entrada gratuita

Lançamento reúne dez releituras de Machado de Assis

Ler e reler Machado de Assis (1839-1908) é a melhor maneira de homenageá-lo em seu centenário de morte. Com este mote, a Publifolha convidou dez autores brasileiros para recriar a obra do bruxo do Cosme Velho. O resultado são nove contos e uma peça, reunidos no volume "Um Homem Célebre: Machado Recriado", recém-lançado pela editora.

Reprodução
"Um Homem Célebre: Machado Recriado" reúne releituras do bruxo do Cosme Velho

Para o editor Arthur Nestrovski, articulista da Folha, não se trata apenas de atualização da obra de Machado: "Estamos também nos atualizando, com a sagacidade do autor para sacar questões centrais da cultura brasileira, sobretudo a desigualdade social e suas ramificações, e o modo como Machado adivinha, por exemplo, o mundo da celebrização que vemos hoje em dia."

Os autores tiveram liberdade para reler os originais de Machado. Os textos ora se distanciam da matriz, ora se aproximam, propositalmente. Caso de Felipe Hirsch, com sua releitura de "O Espelho".

E de Sérgio Augusto de Andrade, que recriou "Cantiga de Esponsais" em "Trechos de um Diário". Para Nestrovski, o resultado é "um extraordinário exercício de estilo", com direitos a palavras como "piparotes" e outras marcas do português machadiano.

Segundo Andrade, recriar Machado é um desafio no melhor dos sentidos: o de obrigar todos os que escrevessem depois dele a repensarem a língua portuguesa no Brasil.

"Talvez não houvesse nada mais estimulante, de um lado, nem mais divertido de outro.

"Cantiga de Esponsais" é quase um exercício jamesiano [à moda do escritor Henry James] sobre a arte. Achei que poderia ser curioso se tentasse imaginar um exercício machadiano sobre a criação", diz.

Narradores inanimados

Entre os textos que mais se distanciaram do original, Nestrovski destaca a experimentação com desenhos do escritor e quadrinista Lourenço Mutarelli, em sua versão dita "psicografada" para o clássico "Memórias Póstumas de Brás Cubas". E também a releitura da escritora Carola Saavedra para "Uns Braços". Ele ressalta que "Vigília", "talvez o mais arrojado" dos contos, foi reescrito de uma perspectiva do século 21.

Sobre o desafio, Carola diz que a primeira questão que surgiu foi como lidar com a idéia de "monstro sagrado".
"Parti do princípio de que o tal monstro era uma espécie de Medusa, e que o mais seguro seria jamais olhá-lo nos olhos. O que fiz, então, foi retirar determinados elementos secundários do conto, como o mar, o xale, o silêncio, os quadros etc., e dar a cada um deles uma voz, de modo que através deles, fosse possível estender, transformar e dialogar com o texto original", afirma Carola.

"Outra preocupação foi que esse diálogo não se restringisse ao conto apenas, mas que, de certa forma, levasse em consideração o estilo de Machado e a sua importância para os autores que surgiriam depois".

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