quarta-feira, 4 de junho de 2008

Rio passa pelo corte do COI pela 1ª vez e vai à final por 2016

ENTREVISTA: CARLOS NUZMAN
EFE
Nuzman (d) e Cabral celebram a escolha do Rio entre as finalistas pelos Jogos de 2016
O Rio ficou em quinto lugar entre as postulantes, atrás até mesmo de Doha. O que será feito a partir disso?
Essas notas valem para definir as cidades que vão à fase final. A partir disso, zeram. O que passa a ser analisado é o dossiê de candidatura. O que existe nesse trabalho é recomendação para o dossiê. Analisando as notas de cidades que conquistaram as Olimpíadas, nota-se que quem tirou as maiores notas não fará os Jogos. Para 2012, Londres foi terceira. Sochi (na Rússia, dos Jogos de Inverno de 2014) teve a nota mais baixa das cidades e ganhou.

O poderio econômico das três rivais brasileiras é maior do que o do Rio. Isso preocupa?
Se fomos computar situação econômica, não haveria eleição, a decisão seria por ranking e pronto. Mas as coisas não funcionam assim. Existem outros fatores. Cidades com infra-estrutura pronta perderam a sede justamente por isso. O intuito é que os Jogos passem por todos os continentes, não apenas pelos já carimbados. O COI tem procurado abrir o leque de opções. Escolheu Cingapura para os Jogos da Juventude, por exemplo. E a América do Sul nunca recebeu as Olimpíadas.

Em que critério o Rio evoluiu mais?
Era ponto batido que a segurança era um caos. Mas passamos da faixa de 3,9 a 4,8 em 2012 (na eleição que cortou o Brasil da disputa) e hoje estamos na faixa de 4,6 a 7. É uma das maiores notas de segurança. Isso é fruto do trabalho do Pan e a continuidade desse projeto.

O que mais preocupa agora?
Se formos buscar os pontos que nos preocupavam há quatro anos, eu diria que em segurança transporte e acomodação estávamos devendo. Mas hoje, a acomodação é a que dará mais trabalho. Estamos tratando de trazer navios ao porto, mas em termos de hotelaria, estamos devendo. Mas o importante é a conclusão que tiramos de hoje. Não está escrito, mas ficou óbvio que o do Rio é viável para realizar os Jogos Olímpicos.
RIO APOSTA NO INTANGÍVEL
NOTAS COLOCAM RIO EM 5º
CIDADE TRABALHA EM 'VILÕES'
O QUE VOCÊ ACHA DO RIO 2016?
O Rio de Janeiro é, oficialmente, candidato para receber os Jogos Olímpicos de 2016. Nesta quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional fez o primeiro corte na disputa pelas Olimpíadas e o Rio de Janeiro, pela primeira vez, passou pela primeira fase.

O Rio de Janeiro segue na disputa ao lado de Chicago, nos Estados Unidos, Tóquio, no Japão, e Madri, na Espanha. Foram eliminados pelo COI Doha, no Qatar, Baku, no Azerbaijão, e Praga, na República Tcheca. A definição final do COI será anunciada no dia 2 de outubro de 2009, na Dinamarca.

"Nós temos de estar felizes da vida, porque uma cidade de um país que nunca organizou as Olimpíadas, como o Brasil, não entrava na fase final da eleição há três edições. Mas temos também de ter equilíbrio e saber que essa é só a primeira etapa. É importante o reconhecimento do COI aos esforços que o Brasil fez no Pan-Americano de 2007", disse o presidente do comitê de candidatura do Rio 2016 e do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, ao SporTV.

O próximo passo para os agora candidatos é a entrega do dossiê de candidatura, no dia 12 de fevereiro de 2009. "[Entregar um dossiê bem elaborado] é a maior obrigação brasileira. Se temos pretensões de disputar e ganhar, temos de entregar esse dossiê muito bem feito, com as garantias exigidas e os projetos necessários. E desde já faço apelo aos órgãos públicos e privados para cooperar e trabalhar com o intuito de unir esforços para entregar os documentos necessários", afirmou o dirigente à TV.

O Rio de Janeiro tentou organizar os Jogos Olímpicos duas vezes anteriormente. A candidatura de 2004 não teve chances de passar pelo corte do COI. Para 2012, em eleição em que era considerada uma das favoritas, o Rio também parou na primeira fase, graças a notas baixas em infra-estrutura básica, instalações esportivas, acomodações e transporte, além de segurança.

Os grandes trunfos brasileiros para essa eleição são o Pan-Americano de 2007, que aumenta as avaliações brasileiras em quesitos como experiência em eventos esportivos e instalações esportivas, e Copa do Mundo de 2014, que deve melhorar a infra-estrutura básica de todo o país, incluindo o Rio de Janeiro, que abrigará a final.

A candidatura carioca, assim como foi no Pan de 2007, baseia as Olimpíadas na Barra da Tijuca. O autódromo de Jacarepaguá, que já foi "recortado" para a construção de três instalações esportivas, seria destruído, para a construção de um parque olímpico gigante, que teria seis novos centros olímpicos.

Em janeiro, o Comitê de Candidatura, formado pelas mesmas pessoas que organizaram o Rio 2007, listou gastos de R$ 5,5 bilhões para organizar os Jogos - o Pan custou R$ 4 bilhões aos cofres públicos.

Nenhum comentário: