terça-feira, 13 de maio de 2008

"Uso maconha como terapia", diz Ney Matogrosso

O cantor Ney Matogrosso, 66, afirmou à revista "Rolling Stone" do mês de maio --cuja capa é o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ)-- que chegou a acreditar que tinha Aids e que usa maconha "como terapia".

Marcos Hermes/Divulgação/Rolling Stone
Ney Matogrosso na "Rolling Stone" de maio de 2008
Cantor Ney Matogrosso posa para a "Rolling Stone" de maio e diz fumar maconha

"Na época do surgimento da Aids, tinha certeza que era soropositivo", disse. Na entrevista, ele ainda falou que o cantor Cazuza foi um dos três amores de sua vida.

Atualmente, o cantor percorre o país com o show "Inclassificáveis". Ainda sobre Cazuza, Ney contou: "Com ele vi que era possível um relacionamento além do sexo", informou a publicação.

O cantor ainda falou sobre a expectativa que o envolveu quando fez o primeiro exame de Aids. "Eu tinha passado pela mão de vários que estavam doentes. Quando deu negativo, eu pedi a vários médicos uma explicação. Não tem."

Ney ainda contou que experimentou maconha na Aeronáutica, durante o serviço militar. "Era pra dar larica, todo mundo fumava pra conseguir comer, porque a comida era horrível", disse.

O cantor ainda afirmou fazer uso de drogas. "Sempre usei droga para abrir minha percepção. Quando tem uma dúvida, uso maconha como terapia. E aí aflora, porque a resposta está dentro de mim", falou à publicação.

Ney Matogrosso volta ousado e pop em CD e show

Mais do que mero título de uma canção, "Inclassificáveis", nome do CD que Ney Matogrosso está lançando e do show que reestréia hoje no Citibank Hall, é uma profissão de fé.

Aos 66 anos e 35 de carreira, vindo do recital "Canto em Qualquer Canto" e tendo feito nesta década projetos dedicados a Carmen Miranda e Cartola, ele reacende sua chama pop com figurinos (de Ocimar Versolato) e coreografias ousadas em cena e músicas de jovens autores no repertório, como Iara Rennó, Dan Nakagawa, Pedro Luís e Marcelo Camelo.

Ary Brandi/Divulgação
Ney Matogrosso opta por mais comedimento no CD e postura teatral na apresentação
Ney Matogrosso opta por mais comedimento no CD e postura teatral na apresentação

"Todas as vezes em que eu me voltei para isso [novos nomes], eu encontrei", diz o cantor, não enxergando qualquer crise de renovação entre os compositores.

Ney também dispensou o caminho mais fácil para realizar "Inclassificáveis". Em vez de gravar um disco, cair na estrada e fazer um "ao vivo", ele estreou o show em outubro passado (no mesmo Citibank Hall), entrou dois meses depois em estúdio e, em janeiro, gravou no Canecão, no Rio, o DVD --previsto para sair no fim de abril.

"Quis ser contra essa moda de tudo ser ao vivo. Preferi fazer o disco no estúdio para me dedicar mais a ele. E, depois de muito tempo, já entendi que estúdio é bastante diferente de palco. É preciso procurar o comedimento, enquanto no show eu sou mais teatral", avalia.

Sendo assim, embora banda e arranjos sejam os mesmos, o Ney do CD é mais suave do que o artista performático e provocativo do palco, no qual fica praticamente nu. Mas ele não vê ligação entre seu atual momento e o início da carreira, no Secos & Molhados, como tem sido aventado, talvez em função de seu reencontro com o tecladista Emilio Carreira, que tocava com o grupo.

"O Secos & Molhados continua sendo para mim o que foi na época: muito importante, uma revolução naquele contexto do Brasil", diz Ney.

O primeiro LP do grupo está ganhando mais uma edição em CD (pela Warner) para marcar os 35 anos de seu lançamento. Mas a caixa "Camaleão", que reunirá 18 discos feitos por Ney nos anos 70 e 80 --incluindo faixas inéditas e um compacto com Fagner-- só deverá sair no segundo semestre, segundo a gravadora Universal.

Política

No novo CD, Ney vê uma espinha dorsal formada por "O Tempo Não Pára" (Cazuza/Arnaldo Brandão), "Mal Necessário" (Mauro Kwitko), "Coisas da Vida" (Alzira Espíndola/Itamar Assumpção), "Ode aos Ratos" (Edu Lobo/Chico Buarque), "Inclassificáveis" (Arnaldo Antunes) e "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso/Gilberto Gil), músicas que, de alguma forma, tocam em temas sociopolíticos.

"Não estou fazendo protesto, mas é uma visão crítica sobre o Brasil, sobre nós mesmos", diz.

Ney Matogrosso - Inclassificáveis
Quando: de hoje a 5/4 (qui., às 21h30; sex. e sáb., às 22h; dom., às 20h)
Onde: Citibank Hall (Al. dos Jamaris, 213, Moema, 0/xx/11/6846-6040)
Quanto: de R$ 50 a R$ 120

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