quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ex-BBB critica executivos da Globo por censurarem beijo gay em novela .

Divulgação/TV Globo

Oficial: Não foi gravado o beijo gay de Duas

Da Redação

Aguinaldo Silva e Wolf Maya bem que tentaram fazer com que o primeiro beijo gay das novelas brasileiras fosse ao ar em Duas Caras. Mas o esforço do autor e do diretor da trama, respectivamente, não deu resultado. A cena do casamento entre Bernardinho e Carlão foi realizada na última terça-feira, dia 27, e o tal beijo não foi gravado.

De acordo com informações oficiais passadas pela Globo a cena não teve muitas alterações em relação ao que estava previsto –
clique aqui para ler a cena por completo. Mas o carinho não foi liberado pela emissora.

As imagens foram feitas no próprio Projac, estúdio da Globo no Rio de Janeiro, e vão ao ar no último capítulo do folhetim, que será exibido no próximo dia 31.

O jornalista Jean Wyllys - célebre por ter vencido o Big Brother Brasil 5, em 2005 - criticou em seu blog os executivos da Rede Globo por proibirem um beijo gay na novela "Duas Caras", de Aguinaldo Silva. Para ele, o amor é ambivalente e "não quer ser apenas heterossexual".

"Para o bem dos homossexuais, os autores de telenovela, principalmente os da TV Globo, há muito vêm se esforçando para mostrar, em suas tramas, novas representações de gays e lésbicas, o que contribue para derrubar estereótipos e mostrar à massa que os homossexuais são tão diversos quanto os heterossexuais", escreveu Jean.

Divulgação/TV Globo

Ex-BBB e jornalista Jean Wyllys

Contudo, ele acredita que ainda falta um "beijo entre iguais": "Não aquele beijo encenado de 'Mulheres Apaixonadas'. Não aquele beijo roubado e rejeitado de 'Queridos Amigos'. Falta um 'beijo entre iguais' apaixonado, alegre, gay, ou seja, cheio de amor", disse o ex-BBB, lembrando que Aguinaldo Silva já escreveu a cena. "Então, por que os executivos da TV Globo vão censurá-la?", questiona.

No blog, ele lembra de personagens de novelas homossexuais que "contribuíram ora para elevar a auto-estima de gays e lésbicas ora para mostrá-los tão diversos e humanos quanto qualquer pessoa". E citou exemplos de outras novelas de Aguinaldo Silva, como o esotérico Uálber e seu colega Edilberto, de "Suave Veneno", o carnavalesco Ubiraci e o casal de lésbicas Jennifer e Leonora, de "Senhora do Destino".

"Há quem argumente que um 'beijo entre iguais' apaixonados e cheios de amor é algo 'obsceno', 'pornográfico', 'repugnante' e que, por isso, não deseja vê-lo na TV. Ora, por que não chamar de 'obscena' a exposição de cadáveres de negros favelados crivados de bala na capa de tablóides vespertinos? Há algo mais 'pornográfico' do que fechar os vidros do carro para não ouvir as súplicas daquelas crianças esquálidas e nuas que esmolam em semáforos?", indaga Jean.

Jean Wyllys estréia, em março, programa sobre gay culture no Canal Brasil

Por Karina Padial/Revista IMPRENSA

O vencedor da 5ª edição do "Big Brother Brasil 5", Jean Wyllys, vai exercitar sua veia de jornalista num programa sobre gay culture que tem estréia marcada para março, no Canal Brasil.

Ainda sem nome e sem horário, o formato já está definido - "quase documental" - e os pilotos editados. Semanalmente, o programa, que tem concepção do próprio Jean Wyllys e do cineasta Luiz Carlos Lacerda, irá apresentar temas "sempre partindo daquilo que interessa todo mundo", afirma o jornalista em entrevista exclusiva à Revista IMPRENSA.

À frente das câmeras, Jean e Lacerda já gravaram um programa sobre a peça "Eu sou minha própria mulher", do dramaturgo Doug Wright que conta a história real de um travesti alemão que sobreviveu ao nazismo e ao comunismo. "Tem uma entrevista com o Edwin Luisi [protagonista da peça que ainda interpreta outros 30 personagens] e trechos da montagem", revela Jean.

Ao lado de programas como "Espelho", de Lázaro Ramos, "Tarja Preta", de Selton Melo e "Todos os homens do mundo", de Priscilla Rozenbaum, Jean Wyllys comemora sua nova empreitada na televisão: "É o primeiro programa do gênero. Eu acho que o Canal Brasil é hoje o melhor canal a cabo que tem, exatamente, pela aposta na criatividade, e na inovação".

O único problema que o vencedor do "BBB5" faz questão de lembrar, em relação ao seu projeto, é o número reduzido de anunciantes. "Eu não entendo como os caras deixam de anunciar num programa que tem conteúdo, que tem um compromisso cidadão, com o fortalecimento da democracia, com maior valorização da diversidade, para anunciar, muitas vezes, num programa que explora a vida alheia, a desgraça alheia. Eu não entendo essa lógica de mercado", finaliza.

Nenhum comentário: