segunda-feira, 17 de março de 2008

Eleição interna do PT baiano tem briga, prisões e resultado adiado

O chamado terceiro e último turno do Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores na Bahia manteve as mesmas "emoções" das duas primeiras disputas entre os candidatos Marcelino Gallo, atual presidente da sigla, e Jonas Paulo, que lutam pelo comando do Diretório Estadual desde o fim do ano passado.

Com 89% dos votos apurados, Jonas Paulo contabilizava 7.835 votos (53,1%) e Marcelino Gallo tinha 6.926 votos (46,9%), segundo dados divulgados pelo partido. Jonas Paulo, ligado à corrente Reconstruindo o Novo Brasil (ex-Campo Majoritário), é o candidato apoiado pelo governador Jaques Wagner. Ele apóia a aliança do PT com o PMDB. Marcelino Gallo é o atual presidente do PT-BA e é da corrente Articulação da Esquerda.

Além da batalha voto a voto, outros dois fatos marcaram a escolha do novo líder petista no Estado: a prisão de três pessoas suspeitas de furtar uma urna, no município de Medeiros Neto, extremo sul da Bahia, e a briga de militantes na sede do partido em Salvador, que acabou com a intervenção da Polícia Militar. Diante disso, a divulgação do resultado final do PED foi adiado para quarta-feira, 19.

No interior, de acordo com o delegado Jean Carlos do Nascimento, Emanuel Santos Filho, Dilson de Jesus e José Carlos Simões foram detidos por uma guarnição da Polícia Militar, depois de tentar fugir com a urna num carro de passeio. Os suspeitos foram presos em flagrante e, com eles, os policiais encontraram materiais de campanha do candidato Marcelino Gallo. Com José Carlos Simões, a Polícia encontrou ainda tíquetes-combustível de uso exclusivo da Assembléia Legislativa da Bahia, no valor total de R$ 1.710.

Na capital, os ânimos entre os partidários ddos dois candidatos esquentaram e foi preciso a PM intervir para acabar com a confusão formada entre os militantes das duas chapas. O assunto pautou os debates do fim da tarde desta segunda-feira, na Assembléia Legislativa, entre os deputados do DEM e do PTN. Gildásio Penedo (DEM), líder da oposição, chegou a protocolar um pedido de apoio militar, afirmando que "estava preocupado com a integridade física de deputados petistas que estavam na sede do partido".

A reportagem procurou nesta segunda os candidatos Marcelino Gallo e Jonas Paulo, mas eles não foram encontrados para comentar os incidentes ocorridos nesta segunda-feira.

A realização do novo pleito foi determinada após a confusão estabelecida no segundo turno, quando os dois candidatos se declararam vencedores e vítimas de fraudes. Diante do impasse, algumas lideranças do PT na Bahia sugeriram até a divisão do mandato. Sem acordo, os dois candidatos mais votados no primeiro turno voltaram a fazer um bate-chapa.

As votações para escolha do novo presidente estadual da sigla ocorreram em 282 municípios e reuniram cerca de 10 mil militantes, neste domingo, 16, de acordo com a direção do partido. Em Salvador, Jonas derrotou Marcelino com 97 votos de frente - foram 938 votos a 841 - e reforçou a posição da vereadora Vânia Galvão na presidência da executiva do diretório da capital. A parlamentar venceu o adversário Edisio Nunes no pleito de dezembro por apenas um voto de diferença, mas só foi declarada vencedora pela Executiva Nacional petista na última sexta-feira.

Sucessão

Durante a campanha interna dos petistas, um outro partido se manteve o tempo todo interessado no resultado do PED. O PMDB, do prefeito João Henrique e do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, torce pela vitória de Jonas Paulo, que faz parte da corrente que apoia a composição entre os dois partidos para as eleições municipais de outubro.

Entretanto, após o cancelamento do segundo turno das eleições do PT e a remarcação de um novo pleito, o diretor da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) mudou o tom do discurso afirmando que é preciso ouvir as bases do PT antes de tomar qualquer decisão.

Na ala "marcelinista", o desejo é de rompimento total e imediato com a atual administração da capital baiana. Gallo não só defende a indicação de uma candidatura própria como já teria um nome preferido para a sucessão em Salvador: o deputado federal Nelson Pelegrino.

A candidatura petista ao palácio Thomé de Souza, no entanto, já é considerada uma vontade da maioria dos integrantes do partido. Segundo Gallo, "o principal fator concreto para o rompimento com João Henrique foi a aprovação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), que representa uma guinada à direita da administração municipal".

Atualmente, o PT administra quatro secretarias na capital baiana: Governo, Reparação, Saúde e Ação Social.

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