quinta-feira, 27 de março de 2008

Dono da JetBlue lança companhia aérea no Brasil com investimento recorde de US$ 150 milhões

A mais nova empresa aérea brasileira, lançada hoje pelo empresário David Neeleman, surge sem um nome definido.

Mesmo assim, já entra para o mercado como sendo a segunda empresa mais capitalizada no lançamento em toda a história da aviação mundial, com aporte de US$ 150 milhões - recorde no Brasil.

Mauricio Lima/AFP
Os presidentes da JetBlue, David Neeleman (dir), e da Embraer, Frederico Fleury Curado
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Com início de operações previsto para janeiro de 2009, a empresa também será a primeira companhia instalada no país a utilizar aviões da fabricante Embraer.

Com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de outros bancos privados, a companhia fechou um contrato de US$ 1,4 bilhão com a Embraer por 36 jatos modelo EMB 195 - os maiores da fabricante, com capacidade para até 122 passageiros.

Além desses pedidos firmes, foram adquiridas também 40 opções para o mesmo avião, que se exercidas podem elevar a transação para US$ 3 bilhões. As três primeiras aeronaves devem ser entregues em dezembro, segundo Neeleman.

Concorrer com ônibus
"Vamos operar com uma estratégia de dois pontos em mente: uma é fazer crescer o bolo para ter mais passageiros em rotas hoje desatendidas ou mal servidas. A outra é baixar alguns preços para pegar passageiros que hoje utilizam ônibus ou simplesmente não viajam", diz Neeleman.

"Mesmo ajustando a proporção entre o Brasil e os EUA, uma análise do tamanho do PIB em relação ao número de viagens aéreas no país mostra que há espaço para um mercado três ou quatro vezes maior", acrescenta.

O presidente da fabricante Embraer, Frederico Fleury Curado, concorda: "Nos EUA, em média, cada pessoa viaja duas vezes por ano de avião. No Brasil, apenas uma em quatro pessoas viaja uma vez por ano dessa forma. As oportunidades são imensas", afirma.

Segundo Neeleman, o avião da Embraer é um dos fatores que permitem perseguir essas metas.

"Menores, mas não pequenos", como explica, eles são adaptados para o modelo que a empresa quer adotar, sem roubar passageiros das grandes, mas estimulando o tráfego em rotas alternativas. "Há muitas cidades grandes no Brasil que não são ligadas diretamente e isso é um inconveniente que limita o mercado", avalia.

PÚBLICO ESCOLHERÁ O NOME
O público escolherá o nome da nova empresa aérea, o uniforme da tripulação e a pintura dos aviões. A intenção é manter a empresa em evidência até o lançamento
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Baixo custo
Sobre o quanto poderia reduzir os preços das passagens, o empresário faz mistério: "Não sei (quanto podemos reduzir). Na verdade sei, mas não vou falar", brincou, garantindo que não vai "fazer loucura".

Segundo ele, o tipo de operação da empresa no país vai garantir um
custo por viagem mais competitivo, embora o custo por assento, por conta do preço dos combustíveis no Brasil, fique um pouco ("apenas um pouco", ressalta) acima do que o verificado pela JetBlue.

Ele diz que, embora o EMB represente um aumento de 5% no consumo em relação aos EMB 190 da irmã norte-americana, ele garante também um aumento de 18% no número de assentos.

"O número de pessoas que precisamos ter no avião para tornar a viagem lucrativa é menor no nosso modelo", afirma Neeleman.

'Guerra' com TAM e Gol
Ele explica, inclusive, que uma eventual guerra tarifária iniciada pelas grandes TAM e Gol não seria prejudicial à empresa, embora não acredite nessa possibilidade.

"Eles têm grande competência com seus modelos e não creio que tentem afetar nossas operações. Mas somos a segunda empresa mais capitalizada em seu início no mundo, e se quiserem uma guerra, temos dinheiro o suficiente para nos manter", diz Neeleman.

Segundo ele, o mercado brasileiro tem espaço o suficiente para acomodar uma terceira empresa aérea de grande porte.

Empresário ignora OceanAir
Na avaliação, simplesmente ignora a OceanAir, atual terceira colocada no ranking nacional e que tem a intenção de ampliar sua fatia no país.

De acordo com Neeleman, as condições econômicas brasileiras são muito favoráveis, especialmente para o modelo que quer implantar.

O empresário afirma que a percepção do espaço para uma nova companhia no país é equivocado, como era em Nova York quando lançou a JetBlue.

US$ 1 bi em caixa
Hoje, afirma, cinco anos após investir US$ 135 milhões na empresa, ela já tem em caixa US$ 1 bilhão, apesar da competição acirrada.

Mas, apesar das semelhanças com a JetBlue, Neeleman reiterou que as duas companhias serão totalmente independentes, embora ele tenha uma participação significativa em ambas, sendo inclusive presidente do conselho da norte-americana. O empresário vive nos Estados Unidos, mas nasceu no Brasil.

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