domingo, 2 de novembro de 2008

Pílula substitui exercícios

Cientistas mostram que uma nova substância melhora a resistência física de camundongos
© ISTOCKPHOTO/SIMONE VAN DEN BERG
Uma boa alternativa? Cientistas descobrem pílula capaz de enganar os músculos e fazê-los pensar que estão se exercitando.

Boas novas para os sedentários. Não está fora de cogitação uma pílula que permita assistir TV e ao mesmo tempo se exercitar ─ sem mexer um músculo. Cientistas encontraram uma droga que imita os efeitos de exercícios ao aumentar a capacidade do corpo de queimar gordura.

O estudo mostra que a pílula também pode aumentar a resistência; camundongos de laboratório sob efeito dessa substância correram na esteira 40 % a mais que os do grupo de controle.

"A droga engana os músculos fazendo com que `acreditem` que estão se exercitando," declara Ronald Evans, biólogo de desenvolvimento do Instituto Salk para Estudos Biológicos, em La Jolla, Califórnia, e co-autor de um estudo publicado em Cell. "Isso mostra que é possível ter um equivalente farmacológico do exercício."

Além de ser revigorante, a droga chamada AICAR, também pode ser útil no tratamento de perda muscular como a distrofia muscular e doenças metabólicas como o diabetes, porque parece que ela ajuda o corpo a metabolizar com mais eficiência o açúcar do sangue

Pesquisadores acreditam que a AICAR ─ que está em fase de testes clínicos para tratamento de algumas doenças cardíacas ─ funciona basicamente através de reprogramação muscular, alterando um músculo de contração rápida ─ que queima açúcar e é mais solicitado em explosões de velocidade e força ─ para um músculo de contração lenta que queima gordura e não se cansa facilmente.

O ponto crítico para essa transformação é uma proteína chamada PPARdelta, o grupo de Evans havia mostrado previamente, pode criar os "roedores maratonistas" altamente resistentes, se os animais forem alterados geneticamente para produzir uma grande quantidade de PPARdelta. Uma outra droga experimental que ativa apenas a PPARdelta apresenta alguns benefícios metabólicos, que incluem a diminuição de ácidos graxos e açúcar no sangue, mas ela aumenta a resistência apenas de camundongos que estejam correndo regularmente.

Associada à AICAR, que ativa uma proteína chamada “monofosfato de adenosina-proteína quinase ativada” (AMPK sigla em inglês). A AMPK é produzida quando as células precisam de mais energia ─ o que acontece quando nos exercitamos ─ e provoca um aumento nos níveis de PPARdelta. Como conseqüência, pesquisadores acreditam que a AICAR pode desencadear o processo no lugar do exercício.

Depois de quatro semanas de tratamento com a AICAR, os roedores de teste podiam correr na esteira por um período uma vez e meia mais longo que os que não receberam a droga ─ e sem nenhum treinamento.

Pode parece bom demais para ser verdade. Tomara que seja. Laurie Goodyear, professora associada da Harvard Medical School e pesquisadora do Centro Joslin de Diabetes, associado à Harvard, em Boston, comemorou o sucesso das pesquisas, mas adverte que nenhuma pílula pode reproduzir todos os efeitos benéficos do exercício para o corpo humano.

Um alerta para os atletas que pensam que tomar a pílula pode lhes trazer vantagem nas competições: Evans já desenvolveu testes de urina e sangue para detectar a droga ─ portanto é melhor mudarem de idéia.

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