terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Não tenho pudor", diz Lilia Cabral sobre seus personagens

No ar na atual novela das oito da Rede Globo, "A Favorita", Lilia Cabral tem chamado a atenção do público por conta de sua personagem, Catarina.

Na televisão, a atriz vive uma dona-de-casa submissa, até então tolerante às diversas humilhações do marido, mas que resolve abrir mão de cuidar do lar em tempo integral para trabalhar em um restaurante, enfrentando ainda mais críticas em casa.

Divulgação
Lilia Cabral como Catarina, sua personagem em
Lilia Cabral como Catarina, sua personagem em "A Favorita"

Outra questão que envolve Catarina na trama é seu relacionamento com Stela (Paula Burlamaqui), sua chefe e homossexual assumida.

Em entrevista à Folha Online, Lilia falou sobre uma outra personagem marcante, a Marta de "Páginas da Vida", que classifica como "um divisor de águas" em sua vida; sobre os projetos após o fim da novela, além de comentar as polêmicas em torno de seu papel.

Leia abaixo a entrevista.

Folha Online - Você já fez personagens cômicas e dramáticas, que chegaram a despertar ódio por parte dos telespectadores, como a Marta de "Páginas da Vida". Como é transitar por estilos tão variados?

Lilia Cabral - Tenho que admitir, eu adoro! É um grande desafio, que eu nunca sei se vai dar certo, mas eu não deixo de me arriscar. Não tenho pudor!

Folha Online - A Catarina, sua personagem em "A Favorita", era uma mulher submissa que decidiu batalhar por uma certa independência e também reagiu à violência do marido. Alguma telespectadora já lhe abordou para falar que você incentivou ela a fazer o mesmo?

Lilia Cabral - Algumas, com muita discrição, vieram me contar que passaram pela mesma situação que a Catarina. Outras, até por vergonha, diziam que conheciam amigas [que passavam por isso], mas eu percebia que o problema era delas.

Fui convidada para algumas palestras mas, por impossibilidade de ir aos eventos, eu apenas gravava o meu depoimento. Estou sabendo, através de pesquisa, que o índice de violência contra a mulher diminuiu 25%, e isso é maravilhoso. Espero que até o fim da novela, diminua mais.

Folha Online - Muito se falou sobre um suposto envolvimento da Catarina com a Stela. Elas vão realmente ter um caso? O que você acha de as novelas mostrarem relacionamentos homossexuais?

Lilia Cabral - Nunca houve em novela uma cena de revelação da opção sexual, como a cena da Stela ao falar para a Catarina que gosta de mulheres. Foi tão bem escrita, tão delicada, que aquilo que a imprensa queria fazer alarde foi tudo por terra. O público está atento à discussão, está aceitando, discutindo e respeitando. Essa novela não está mostrando relacionamentos homossexuais, está discutindo o preconceito, e isso é mais importante.

Folha Online - Como é trabalhar com a Clarice Falcão, uma menina que está começando seu trabalho na televisão?

Lilia Cabral - Ela é jovem, e tem muita coisa que aprender. É profissional, tem boa vontade, é estudiosa e tem talento.

Folha Online - A Marta, de "Páginas da Vida", foi uma personagem que marcou pela sua frieza e crueldade. Você ainda ouve comentários a respeito desse papel?

Lilia Cabral - Parece que as pessoas esqueceram um pouco da Marta. Pelo menos enquanto a novela ainda está no ar.

Folha Online - É possível escolher algum ou alguns dos seu trabalhos mais significativos?

Lilia Cabral - Foram todos muito importantes, mas a Marta de "Páginas da Vida" foi um personagem, além de marcante, divisor de águas na minha vida.

Folha Online - Você tem também uma carreira no teatro e, recentemente, apresentou uma premiação do gênero. Existe algum projeto de voltar aos palcos em breve?

Lilia Cabral - Existe sim. Vou fazer uma peça do Newton Moreno, chamada "Maria do Caritó", com direção do João Fonseca.

Folha Online - Você foi um dos nomes que ganhou uma biografia da coleção Aplauso. Como é ver sua carreira contada em um livro?

Lilia Cabral - Achei, no começo, que eu não tinha muita história pra contar. Depois fiquei sabendo que no Rio de Janeiro o meu livro é um dos mais procurados, daí fiquei envaidecida. Minha história é simples como eu, e a Ana Lúcia [Ribeiro, autora do livro] escreveu do jeito que eu sou. Sinto orgulho.

Folha Online - Como atriz de teatro, você é contra ou a favor da meia-entrada? O que ela representa para a classe artística?

Lilia Cabral - Eu odeio quem falsifica carteirinha pra pagar meia entrada, isso eu tenho raiva. Acho muita falta de respeito com o artista!

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