sábado, 12 de abril de 2008

Venda da "G MAGAZINE"

Ana Fadigas, editora da "G", conta ao repórter Alberto Pereira Jr. detalhes sobre a venda da revista para um grupo norte-americano e seu plano de escrever um livro sobre os dez anos da publicação. Ela apontou as dívidas acumuladas após a saída de seus dois sócios (Ângelo Rossi e Otávio Mesquita) como o principal motivo para a venda.

Folha Online - Você chegou a afirmar que a "G" era a sua alma, e que alma não se vende até segunda ordem. O que levou você a vender a revista?

Ana Fadigas - Caminhar com a "G" foi uma tarefa bastante difícil desde o início, quando os jornaleiros não queriam levar a "G" para as bancas. Senti que a trajetória da "G" teria que ser muito pessoal, uma luta mesmo. E assim foi. Considero que cumpri dez anos de "G". Espero escrever um livro, uma espécie de recordação dessa história. Os dez anos de "G" me ensinaram a ser uma mãe melhor. E sem dúvida uma editora muito melhor também. Aprendi com a equipe, com os leitores e trocamos muitas experiências nessa história. Olhem só os colunistas que a "G" tem ou já teve!!! Mas a minha participação na luta pela cidadania GLBTT [gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais] continuará...

Folha Online - Além do grupo norte-americano Ultra Friends International houve outros interessados na compra da editora?

Ana - Sim, tivemos duas outras propostas, mas nenhuma chegou a termo.

Folha Online- Depois de tantos anos trabalhando no mercado editorial GLS, o que você pode dizer sobre o setor?

Ana - Meu envolvimento com esse mercado é de alma e como negócio. É um mercado muito forte, bastante emergente em termos de consumo e extremamente exigente. Hoje eu deixo a "G" como uma militante também e acho que muitos produtos dirigidos poderão não dar certo se a visão de quem conduz não for de respeito à dignidade do cidadão e/ou cidadã GLBTT. Mas estamos apenas engatinhando nessa ramo. Há muito a fazer. Muito mesmo. As lésbicas, travestis e bis...

Folha Online - No ano passado foram lançadas duas revistas (Junior e Dom) voltadas para o público gay, mas sem ensaios de nudez. Na sua opinião, por que o mercado brasileiro se interessou no público gay?

Ana - O mercado está sempre atrás de novos segmentos. E esse é um grande e poderoso mercado. Penso que uma revista faz marca e cria uma relação de confiança com o público a quem ela se dirige, e o grande crescimento do mercado, na minha opinião, está na internet e afins.

Mais uma revista focada no publico gay

O mercado editorial brasileiro vai ganhar mais uma revista voltada para o público masculino gay, sem ensaio de nudez. Chama-se "Aimé" (amado, em francês), será mensal, custará R$ 11 e vai disputar a atenção com dois títulos bimestrais: a "Junior", lançada em setembro de 2007, e a "Dom", que chegou às bancas em novembro do ano passado.

A nova publicação é uma aposta do grupo Lopso, dono de títulos dirigidos ao segmento médico e farmacêutico, como a revista "Médico Repórter".

"Sou heterossexual. No início, pensei em lançar uma revista feminina, mas este mercado está saturado. Viajo muito para o exterior e percebo que lá fora as revistas para o público gay são superexpostas nas bancas, com muitas promoções. Pesquisei nos últimos dois anos, conversei com formadores de opinião, contratei um consultor gay e decidi lançar a Aimé", conta Ana Maria Sodré, diretora do grupo Lopso, à Folha Online.

Divulgação
"Aimé" será mensal, enquanto suas concorrentes são bimestrais.
Revista "Aimé" será mensal e vem com 120 páginas no número 1

Ela diz que a proposta é ampliar o leque de assuntos de interesse ao leitor homossexual com reportagens sobre saúde, nutrição, fitness, consumo, moda e cultura. "Queremos ser a Veja dos gays."

Ana afirma que o mercado publicitário no Brasil está mais aberto ao segmento GLS. "No número 1, há grandes anunciantes como a Peugeot e Kia. Estamos em negociação com a Vivo."

O lançamento está previsto para a última semana de abril ("até o dia 26"). A revista terá um site ("Não temos a pretensão de ser um portal com o Mix Brasil") e sai com tiragem de 30 mil exemplares, diz Ana.

Ela diz que o nome "Dom" foi cogitado na época de suas pesquisas, antes do lançamento da revista pela editora Peixes. Sobre a "Junior", ela afirma que a revista (da editora Sapucaia e Mix Brasil) se volta para um público mais "teen". "Vou falar com um público diferente", conta Ana, que diz ter planos de conhecer pessoalmente os responsáveis pela "Dom" e "Junior".

Na capa de estréia, a "Aimé" colocou o modelo e estudante de educação física Fernando Fernandes, 26, que foi participante do "Big Brother Brasil 2".

Ela revela que estuda, no próximo ano, lançar uma revista para o público lésbico. "Talvez eu traga para o Brasil um título de fora."

Neste mês, foi lançada a revista "Entre Ellas", com três ensaios sensuais com mulheres. Mas a publicação recebeu críticas negativas em sites lésbicos. "As chamadas são horrendas, parecem uma bela desculpa pra publicar ensaios fotográficos de quinta categoria", disparou o blog Na Ponta dos Dedos.

Paulo Pampolin/Divulgação/Aimé
Fernando Fernandes diz, na revista, que corre e pedala no Ibirapuera, treina boxe, musculação e natação
Fernando Fernandes diz, na revista, que corre e pedala no Ibirapuera, treina boxe, musculação e natação

Noite

No próximo dia 26, está prevista a inauguração do Studio Roxy (www.studioroxy.com.br) no número 430 da r. Augusta. O clube tem em sua programação musical nomes conhecidos do público lésbico, como a DJ Cris Villela. Vai funcionar de quarta a domingo. No sábado, mulher paga R$ 45, enquanto homem desembolsa R$ 60. A boate fica em uma região onde atualmente bombam os clubes Vegas e Inferno, sede da festa lésbica mensal Tête-à-Tête.

É o segundo clube previsto para abrir na capital neste mês. No próximo dia 29, está marcada a abertura da Megga, na Barra Funda. Em geral, em meses anteriores à Parada Gay, há um movimento maior de lançamentos de negócios focados no público GLS, de olho nas necessidades de uma multidão recorde de turistas na cidade na semana do evento, que neste ano será no dia 25 de maio, na av. Paulista.

Enquanto umas boates abrem, outra fecha. A Lov.e Club & Lounge marcou para o dia 4 de abril a data de sua última festa. Promete reunir "mais de 40 DJs", ou seja, uma rave sem hora para acabar.

"G" muda e terá mais sexo

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Uma furacão varreu a "G Magazine". Na última sexta-feira, a redação da revista no Brooklin (zona sul de São Paulo) foi fechada, funcionários foram dispensados, e a publicação passou para as mãos de um novo dono.

Ao contrário do que a editora Fractal divulgou ao mercado, a publicação não foi vendida para um tal grupo americano Ultra Friends International (na internet, não há registro sobre a existência dessa companhia). A legislação brasileira nem permite a compra de uma publicação por estrangeiros.

Segundo a Folha Online apurou, a "G" foi adquirida pela paulistana Ad Business, dona de sites famosos no mundo GLS como Arrasa! e GoGo Stars. A Fractal e a Ad Business começaram o namoro com a G Travel, agência on-line de turismo GLS. A Fractal resolveu abrir mão da "G" devido às dívidas e pressão dos credores.

Nomes que fizeram fama na revista, como a drag Nany People, vão deixar de assinar colunas na "G". Nos bastidores, comenta-se que a revista vai diminuir de tamanho e mudar seu foco, privilegiando mais ensaios de nudez do que reportagens. Jean Wyllys, vencedor do "Big Brother Brother 5", pode deixar a publicação.

A reviravolta na linha editorial da "G", que nos últimos anos investia na produção de conteúdo explorando temas de comportamento e militância, ocorre após surgimento de diversas publicações mais comportadas voltadas ao público GLS, como a "Junior" e "Dom". Anunciantes de peso, como multinacionais, rejeitam vincular suas marcas a publicações de nudez masculina. Um porta-voz da Ad Business promete se manifestar nesta quinta-feira sobre as mudanças.


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