Ele ainda é aquele cara todo certinho, de opiniões, mas bebe até cair em festas e volta aos pianos ravers em seu novo álbum
Ele já abriu uma casa de chá, já quase apanhou de fãs do Eminem e é testemunha ocular e opinante dos rumos políticos internos e externos do que acontece no seu país, os Estados Unidos. Sua música reflete tal austeridade de forma intensa e atmosférica, mas o outro lado disso é que o Moby, para muita gente, é um grande dum chato. Isso adquiriu proporções exageradas até, quando se pensa no aspecto mala de um vegetariano, Moby é a primeira pessoa que se vem à cabeça.
Tal idéia intensificou-se na época de 18 (2002), álbum melancólico em que Moby refletiu em concepções espaciais a tristeza pós-11/set (justamente a data de aniversário dele!). Aí veio o fraco Hotel (2005), em que um vazio criativo o fez cantar num pop dançante o cotidiano de hotéis, e você tem o típico produtor carregado de polêmicas e fofocas pessoais, que musicalmente não é unanimidade, mas tem o seu valor. Afinal, ele tem no currículo o majestoso Play (1999).
+ IDADE = + FESTA
Richard Melvile Hall beira os 43 anos lançando seu nono álbum, o animado e convincente Last Night, em que, segundo suas próprias palavras, ele tenta resumir em uma hora todo o clima de uma noitada anima. Essa festa é ilustrada no CD em um mix de house raver dos anos 90, hip hop e disco old skool fundidas em híbridos inclassificáveis com um final de chill out existencialista.
A "volta" de Moby às pistas é reflexo de um retorno dedicado às picapes, tendo ele revivido seus primórdios oitentistas e tocado bastante, principalmente em Nova York, sua amada terra natal.
Sucinto e prolixo demais - nem um leve puxa-saquismo de começo de entrevista ajudou a quebrar o clima "profissional" de um papo tenso mediado pela gravadoras -, Moby falou ao rraurl.com por pouco menos de 20 minutos em pleno sábado a noite, véspera de lançamento de Last Night.
Eu li no seu blog que você prometeu drogas, dinheiro e prostitutas para quem resenhar bem seu disco novo. Queria saber como recebo meus prêmios, já que seu disco novo é bem legal.
(risos) Interessante, vou cuidar para que a gravadora envie tudo pra você.
Na verdade eu queria falar sobre críticas. Como você lida com elas, quais são suas expectativas sempre que você lança algo...
Bem, é um tópico difícil pra mim. Eu faço discos há quase 20 anos, e durante esse tempo por vezes gostaram de mim, outras vezes não gostaram, então eu não sei o que esperar. É estranho.
E o grande problema pra mim é que aqui nos Estados Unidos as pessoas sempre resenham o Moby, a pessoa, e não minha música.
Como você definiria a imagem que a mídia construiu de você?
Hmm, para muitos eu sou um cara sério - o que é estranho, porque eu saio pra caramba, bebo muito. E acho que pensam que sou alguém muito religioso, ou politicamente correto.
Last Night é bem dançante. É uma volta às suas origens ou um resumo do que você é na essência como músico?
É difícil falar, porque se eu for analisar minha essência como músico, eu cresci com formação clássica, fui DJ de hip hop e house por muito tempo. Eu acho que esse meu último disco é o mais honesto, porque tem muito do que eu ouço e do que eu sempre gostei.
Seria talvez seu disco mais "underground"? O que é underground pra você?
Acho que underground é música diferente, feita pra gente diferente. Mas hoje isso significa outra coisa: é algo que pouca gente ouve e ainda não foi parar na rádio, basicamente.
Não sei se isso dá algum valor extra, mas com certeza não é a mesma idéia de underground que vem lá de trás, da época do punk rock.
Essa busca pelas suas origens dançantes é sinônimo de um cansaço com a música eletrônica mais atual, produzida hoje?
Não, eu gosto muito da música de hoje, o que acontece é eu conheço muito dos DJs que tocam nas festas em que vou, e sempre rola uma nostalgia nas seleções. Gosto bastante do minimal de Berlim, de electro bem pesado, mas não é o tipo de música que eu vou ouvir quando chegar em casa.
Qual é sua freqüência de festas e saídas noturnas? A idade já está pesando nesse sentido?
Eu saio bastante, o suficiente para às vezes me preocupar em aprender a ficar em casa. O problema é que na vizinhança onde eu moro - Lower East Side - é cheia de lugares legais, bares, clubes... Então fica difícil controlar.
Você é uma figura conhecida. As pessoas por aí te apontam na rua, nas festas, tipo "Olha, o Moby!"?
Sim, de vez em quando, mas eu acho normal. Eu saio há muito tempo já e conheço muita gente, é natural.
Bem, como estamos falando de noite e festas, eu tenho que perguntar: qual sua relação com as drogas?
Eu amo as drogas! (risos) Claro que eu tento me afastar porque elas são destrutivas, mas eu gosto bastante. Na verdade eu prefiro beber, é mais fácil, mas todo mundo sabe que as drogas são divertidas.
E a vida noturna de Nova York? O clima ruim da época Rudy Giuliani já passou?
Sim, tudo mudou, a cidade está mais divertida, novos lugares estão surgindo o tempo todo. Não é a mesma loucura de antigamente, mas está melhor.
Você foi rotulado como um músico triste, nerd esquisito de música eletrônica, principalmente por sua relação intensa com os acontecimentos do 11/set. Essa paranóia já passou?
O 11 de setembro foi algo horrível, era um pesadelo viver em Nova York naqueles tempo mas já passou, afinal, são 7 anos já. As pessoas mudaram, não há mais paranóia.
Os nova-iorquinos são legais e ocupados demais para ficarem presos nessa paranóia.
E as eleições desse ano, com a hipótese de Hillary ou Obama ganharam inspirados pelo clima de esperança e renovação? Isso tudo mudou de fato a cabeça das pessoas na cidade e no comportamento do nightlife daí?
Sim, a melhor coisa disso tudo é que os americanos parecem ter acordado, perceberam que é hora de uma mudança de fato. E aqui em Nova York isso é algo que já acontecia há mais tempo, somos uma cidade muito liberal.
Eu quero que Obama seja presidente.
E a Hillary? Não seria mais simbólico para tanta mudança uma presidente mulher?
Não, não penso nesses termos. Obama como pessoa seria um ótimo presidente.
Tal idéia intensificou-se na época de 18 (2002), álbum melancólico em que Moby refletiu em concepções espaciais a tristeza pós-11/set (justamente a data de aniversário dele!). Aí veio o fraco Hotel (2005), em que um vazio criativo o fez cantar num pop dançante o cotidiano de hotéis, e você tem o típico produtor carregado de polêmicas e fofocas pessoais, que musicalmente não é unanimidade, mas tem o seu valor. Afinal, ele tem no currículo o majestoso Play (1999).
2007
Richard Melvile Hall beira os 43 anos lançando seu nono álbum, o animado e convincente Last Night, em que, segundo suas próprias palavras, ele tenta resumir em uma hora todo o clima de uma noitada anima. Essa festa é ilustrada no CD em um mix de house raver dos anos 90, hip hop e disco old skool fundidas em híbridos inclassificáveis com um final de chill out existencialista.
A "volta" de Moby às pistas é reflexo de um retorno dedicado às picapes, tendo ele revivido seus primórdios oitentistas e tocado bastante, principalmente em Nova York, sua amada terra natal.
Sucinto e prolixo demais - nem um leve puxa-saquismo de começo de entrevista ajudou a quebrar o clima "profissional" de um papo tenso mediado pela gravadoras -, Moby falou ao rraurl.com por pouco menos de 20 minutos em pleno sábado a noite, véspera de lançamento de Last Night.
Eu li no seu blog que você prometeu drogas, dinheiro e prostitutas para quem resenhar bem seu disco novo. Queria saber como recebo meus prêmios, já que seu disco novo é bem legal.
(risos) Interessante, vou cuidar para que a gravadora envie tudo pra você.
Na verdade eu queria falar sobre críticas. Como você lida com elas, quais são suas expectativas sempre que você lança algo...
Bem, é um tópico difícil pra mim. Eu faço discos há quase 20 anos, e durante esse tempo por vezes gostaram de mim, outras vezes não gostaram, então eu não sei o que esperar. É estranho.
E o grande problema pra mim é que aqui nos Estados Unidos as pessoas sempre resenham o Moby, a pessoa, e não minha música.
Como você definiria a imagem que a mídia construiu de você?
Hmm, para muitos eu sou um cara sério - o que é estranho, porque eu saio pra caramba, bebo muito. E acho que pensam que sou alguém muito religioso, ou politicamente correto.
Last Night é bem dançante. É uma volta às suas origens ou um resumo do que você é na essência como músico?
É difícil falar, porque se eu for analisar minha essência como músico, eu cresci com formação clássica, fui DJ de hip hop e house por muito tempo. Eu acho que esse meu último disco é o mais honesto, porque tem muito do que eu ouço e do que eu sempre gostei.
Seria talvez seu disco mais "underground"? O que é underground pra você?
Acho que underground é música diferente, feita pra gente diferente. Mas hoje isso significa outra coisa: é algo que pouca gente ouve e ainda não foi parar na rádio, basicamente.
Não sei se isso dá algum valor extra, mas com certeza não é a mesma idéia de underground que vem lá de trás, da época do punk rock.
Moby, nos anos 80, quando era DJ
Não, eu gosto muito da música de hoje, o que acontece é eu conheço muito dos DJs que tocam nas festas em que vou, e sempre rola uma nostalgia nas seleções. Gosto bastante do minimal de Berlim, de electro bem pesado, mas não é o tipo de música que eu vou ouvir quando chegar em casa.
Qual é sua freqüência de festas e saídas noturnas? A idade já está pesando nesse sentido?
Eu saio bastante, o suficiente para às vezes me preocupar em aprender a ficar em casa. O problema é que na vizinhança onde eu moro - Lower East Side - é cheia de lugares legais, bares, clubes... Então fica difícil controlar.
Você é uma figura conhecida. As pessoas por aí te apontam na rua, nas festas, tipo "Olha, o Moby!"?
Sim, de vez em quando, mas eu acho normal. Eu saio há muito tempo já e conheço muita gente, é natural.
Bem, como estamos falando de noite e festas, eu tenho que perguntar: qual sua relação com as drogas?
Eu amo as drogas! (risos) Claro que eu tento me afastar porque elas são destrutivas, mas eu gosto bastante. Na verdade eu prefiro beber, é mais fácil, mas todo mundo sabe que as drogas são divertidas.
E a vida noturna de Nova York? O clima ruim da época Rudy Giuliani já passou?
Sim, tudo mudou, a cidade está mais divertida, novos lugares estão surgindo o tempo todo. Não é a mesma loucura de antigamente, mas está melhor.
2005, show em SP
O 11 de setembro foi algo horrível, era um pesadelo viver em Nova York naqueles tempo mas já passou, afinal, são 7 anos já. As pessoas mudaram, não há mais paranóia.
Os nova-iorquinos são legais e ocupados demais para ficarem presos nessa paranóia.
E as eleições desse ano, com a hipótese de Hillary ou Obama ganharam inspirados pelo clima de esperança e renovação? Isso tudo mudou de fato a cabeça das pessoas na cidade e no comportamento do nightlife daí?
Sim, a melhor coisa disso tudo é que os americanos parecem ter acordado, perceberam que é hora de uma mudança de fato. E aqui em Nova York isso é algo que já acontecia há mais tempo, somos uma cidade muito liberal.
Eu quero que Obama seja presidente.
E a Hillary? Não seria mais simbólico para tanta mudança uma presidente mulher?
Não, não penso nesses termos. Obama como pessoa seria um ótimo presidente.
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