quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Visa e Nokia anunciam parceria para pagamentos pelo celular

Primeiro a atuar como carteira eletrônica para pagamentos e transferências é celular Nokia 6212, sem data para chegar no Brasil.

A Visa e a Nokia planejam oferecer serviços de pagamento para a próxima geração de celulares da fabricante, começando com o Nokia 6212, que será lançado em outubro na Europa, revelaram as empresas nesta sexta-feira (26/09).

A princípio, os aplicativos para pagamento, transferência de dinheiro, alertas e notificações da Visa serão oferecidos pelas instituições financeiras interessadas em testar a usabilidade da tecnologia.

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Os usuários do modelo Nokia 6212 serão os primeiros a poderem pagar usando seu cartão Visa, graças aos chipsets Near-Field Communications (NFC) integrados no celular para que ele funcione como uma carteira eletrônica.

Segundo a Nokia, a colaboração com a Visa resultou em testes com pagamentos móveis com a NFC nos Estados Unidos, Malásia e Londres.

A Nokia não possui previsão de chegada do modelo ou possível parceria para pagamento via celular no Brasil.

Pagamento pelo celular deixa fase de testes para virar realidade no mundo e no Brasil.

Selo_peq_01_88x66_entradaCâmera fotográfica, tocador de MP3, televisão, console de games, desktop, telefone IP, espelho de maquiagem, rádio, localizador... o que mais vamos carregar no celular? Que tal a sua carteira?

O uso do celular como forma de pagamento, substituindo plásticos e papéis, entrou definitivamente na mira de operadoras de telefonia móvel, bancos, administradoras de cartões, empresas de internet e varejistas de todos os portes.

O interesse no mobile payment (m-payment) ficou evidente durante o 3GSM World Congress, realizado no mês passado, em Barcelona, na Espanha.

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Durante o evento, grupos de operadoras de todo o mundo anunciaram alianças e projetos-piloto como o Pay-Buy Mobile, para padronizar serviços de pagamentos, e envio de remessas internacionais pelo celular, em parceria com as grandes operadoras de cartões de crédito e débito, como Mastercard e Visa.

“O modelo de negócios é sempre complicado especialmente quando você tem um serviço de pagamentos que envolve várias entidades. E o 3GSM mostrou que as operadoras de telefonia celular estão criando blocos para afetar as negociações com as operadoras de cartões de crédito”, avalia Andy Castonguay, diretor de pesquisas de Consumo Digital e de Serviços Móveis do Yankee Group, em Boston, nos Estados Unidos.

Se de um lado as administradoras de cartões e instituições financeiras possuem experiência, presença e escala no varejo, as operadoras têm como trunfo o uso de suas redes e a oferta dos celulares. Pela praticidade e penetração, os terminais móveis podem substituir os ainda pensados terminais de pagamentos eletrônicos e ainda atingir segmentos nos quais os cartões de plástico não conseguem chegar.

O foco dos projetos de pagamentos móveis em todo o mundo está em micropagamentos. São transações de alto volume e baixo valor com ganho de escala e presença em segmentos como transportes, vendas porta-a-porta, serviços de entrega, programas de benefícios e até pagamentos entre pessoas.

Nas Filipinas, a operadora Smart introduziu uma forma inovadora de vender créditos para celulares usando agentes de vendas nas comunidades. “O crédito acabou virando moeda de troca entre as pessoas e se expandiu para outros tipos de pagamento”, conta Castonguay.

Nos Estados Unidos, além do PayPal, plataforma de pagamentos entre pessoas do eBay, que pegou o caminho dos celulares, em abril do ano passado, a empresa californiana Obopay, lançada em 2005, começa a ganhar espaço apostando na conveniência do cartão de crédito pré-pago pelo celular.
“Se você saiu para jantar com os amigos e não tinha dinheiro para pagar pode transferir um crédito de Obopay do seu celular para o Obopey da pessoa por mensagem de texto. Depois ela converte esse valor em dinheiro”, explica o consultor. “Isso pode ser interessante para controlar gastos entre adolescentes e até mesmo dentro de uma família”. Segundo Castonguay, o serviço é usado por mais de 100 mil norte-americanos.

Diante dos fatos, os atores da cadeia do m-payment decidiram parar de ensaiar acordos, temendo ficar no papel de coadjuvantes em um mercado que deve saltar de 3,2 bilhões de dólares no mundo em 2003 para prováveis 37 bilhões de dólares no ano que vem. É o que revela uma pesquisa da consultoria Arthur D. Little, mencionada na reportagem "A cash call", da revista inglesa The Economist.

A reportagem sobre o futuro do dinheiro eletrônico cita países como a Áustria, onde é possível passar um dia inteiro se locomovendo ou comprando mercadorias apenas com o celular, danceterias de Londres, em que os clientes preferenciais recebem entradas no celular, e dedica boa parte de seu conteúdo à explosão dos pagamentos móveis no Japão.

Lançado em março de 2004, o serviço de pagamentos móveis da NTT DoCoMo - operadora que conta com mais de 55% do total de 95 milhões de terminais do Japão - já reúne mais de 18,3 milhões de clientes, segundo a empresa. Ao aproximar os ‘celulares-carteira’ de terminais específicos, os japoneses podem fazer praticamente todos os tipos de operações de débito e crédito, comprar passagens e até abrir a porta de casa.

O serviço se baseia na tecnologia Near Field Communications (NFC), um padrão de comunicação wireless de curto alcance inserido nos chips FeliCa, fabricados pela Sony, que são integrados aos celulares vendidos pela operadora bem como aos terminais de ponto de venda que reconhecem o sistema.

Além de se envolver na tecnologia, a NTT DoCoMo se baseou em alianças e aquisições para aprofundar seu envolvimento e sua rentabilidade no negócio de pagamentos móveis. Aliou-se à Sony na produção dos terminais adaptados ao serviço e é parceira da fabricante de eletroeletrônicos na bitWallet, empresa que opera o serviço de pagamentos móveis Edy, no Japão, e que tem mais de 43 mil pontos de venda em operação no país, segundo a reportagem da The Economist.

Para garantir a disseminação nos pontos de venda, terreno dominado por administradoras de cartões, a NTT foi ainda mais agressiva. Em abril de 2005 adquiriu 33,4% de participação na Sumitomo Mitsui Cards por 98 bilhões de ienes (1,79 bilhão de reais) e, março de 2006, ficou com 18% da emissora de cartões UC Card, do Mizuho Bank, por 1 bilhão de ienes (17,9 milhões de reais).

E o Brasil, que ultrapassou o Japão no final do ano passado, tornando-se o quinto maior mercado de celulares ativos do mundo, quer deixar de ser apenas expectador de modelos como o da DoCoMo, saindo da fase de ‘testes de conceito’, da qual se ouve falar pelo menos desde 2000.

De olho nos mais de 100 milhões de terminais habilitados e no potencial de segmentos que ainda não oferecem pagamentos eletrônicos, operadoras, administradoras de cartões, bancos, varejistas e empresas de benefícios desenrolam seus modelos de negócios e começam a anunciar serviços de pagamentos pelo celular este ano.

Já pensou em pagar a corrida de táxi, Selo_peq_02_88x66_saidaa entrega de pizza, as compras online, a latinha de refrigerante e até o pão de queijo com seu celular, em reais? Então prepare-se para começar a deixar a carteira em casa.

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