quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Chip de TV analógica para celular aposta em baixa adesão ao sinal digital

Cerca de quatro meses após o lançamento de celulares com TV digital em São Paulo, a fabricante de chips Telegent chega ao país investindo em uma tecnologia com data marcada para extinção: a televisão analógica captada em aparelhos móveis.

A Telegent, que tem sede nos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira (26) que negocia com fabricantes de celulares a produção de aparelhos com o uso de um chip que permite assistir a canais de TV aberta, gratuitamente. A companhia aposta que a TV digital "não pega" por aqui em menos de quatro anos e que as pessoas vão aprender a ver televisão por celular usando o sinal analógico mesmo.

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Chip da Telegent permite ver TV analógica pelo celular, gratuitamente, mas com chuvisco
Chip permite ver TV analógica pelo celular, gratuitamente, mas com chuvisco e sombra

Esses chips vêm com os aparelhos --a empresa tem de fazer acordos com as indústrias para que a tecnologia chegue ao público final.

Por enquanto, apenas a chinesa ZTE, que promete entrar com sua marca no mercado de telefones celulares no Brasil até o final do ano, topou fabricar os aparelhos --o produto foi homologado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e deve chegar às lojas nos próximos meses.

A empresa afirma que, entre cinco das maiores fabricantes de celular --Nokia, LG, Sony Ericsson, Samsung e Motorola--, três já têm protótipos de aparelhos com a tecnologia.

A Telegent diz também que está em "estágio avançado" de negociação com uma grande operadora, para comercializar os aparelhos.

Uso imediato

A vantagem é que o sistema capta o sinal da TV analógica, presente em todo o território nacional. Enquanto isso, a digital tem cobertura apenas nas cidades de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Goiânia. A Telegent aposta que, daqui a três anos, essa cobertura não chega a 50% do país.

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Chip da Telegent equipa celulares; empresa busca parcerias para lançar sistema
Chip da Telegent equipa celulares; empresa busca parcerias para lançar sistema

"Por enquanto, a TV digital é basicamente só São Paulo. Se o cliente estiver, em Santos, em Campinas, em Olinda, o que ele compra? Que opções ele tem?", afirma Carlos Kirjner, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Telegent.

Kirjner nega que seu produto vá entrar em competição com o sistema digital. "Estamos complementando." De acordo com o executivo, o modelo é favorável para "todos" os envolvidos no assunto --operadoras de telefonia, emissoras de televisão, fabricantes de celular e consumidores. "Isso sem que ninguém tenha que fazer investimento".

Palha de aço

Para receber o chip, os aparelhos devem ter tela com qualidade para exibição de vídeos, câmera fotográfica e saída de som --um aparelho de menos de US$ 100 já suporta tecnologia, diz a empresa. E a diferença de preço causada pelo sistema é de US$ 15 a US$ 20.

Nos aparelhos apresentados na zona sul de São Paulo, a imagem de canais como Globo e SBT era bastante chuviscada, tremida --similar a de uma televisão comum, sem antena. Para ajustar a imagem, é preciso ficar mexendo na antena do celular, até conseguir a melhor recepção.

A Telegent também estuda produzir chips que captem o sinal nipo-brasileiro de TV digital. Isso pode ocorrer em um período de 12 a 18 meses, dependendo do avanço da cobertura do sistema e da aceitação do produto que a empresa lança agora.

Pelo cronograma do sistema digital, o sinal analógico deixará de ser utilizado para televisão em 2016. Após a transição para o digital, as emissoras devem devolver suas faixas de freqüência à União, que decidirá o que fazer com elas.

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