Um levantamento divulgado nesta terça-feira (8) pela ONG Grupo Gay da Bahia (GGB) revela que 122 homossexuais foram assassinados em 2007 no Brasil (um crime para cada três dias), o que representa um aumento de 30% em comparação a 2006. De acordo com o GGB, responsável pela estatística, do total e mortos, 27% eram travestis e 3% eram lésbicas.
Desde 1980, quando o GGB foi fundado, até o ano passado, 2.647 homossexuais foram mortos no país _a maioria das vítimas tinha entre 20 e 40 anos.
Professor aposentado pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e um dos fundadores do GGB, Luiz Mott disse que o número de assassinatos é ainda maior do que a estatística oficial. "Muitas famílias, por vergonha, não admitem que os seus filhos sejam gays. A nossa contabilidade está baseada em pesquisas feitas por outras organizações que lutam pelos direitos dos homossexuais em delegacias e entidades de direitos humanos", acrescentou.
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Pela primeira vez, desde que os crimes contra homossexuais começaram a ser catalogados pelo GGB, a Bahia lidera o ranking _no ano passado foram assassinados 18 gays no Estado. O Nordeste também é a região mais violenta, com 60% dos homicídios, seguida pelo Centro-Oeste, com 17%.
"Um gay no Nordeste tem 84% mais risco de ser assassinado do que no Sul e no Sudeste", ressaltou Luiz Mott. Depois da Bahia, os Estados onde ocorreram mais crimes no ano passado foram Pernambuco (17), Rio Grande do Norte (9) e Alagoas (8). São Paulo, o Estado mais populoso do país, registrou sete crimes contra homossexuais no ano passado.
Pelas projeções registradas nos três primeiros meses desse ano, a tendência é o aumento do número de assassinatos de homossexuais _entre janeiro e março, 45 foram mortos. "Apesar das campanhas, e de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter instituído o Programa Brasil Sem Homofobia, a violência contra os homossexuais não pára de crescer", disse Mott.
Os dados divulgados pelo GGB revelam, ainda, que o homossexual mais nono assassinado tinha 14 anos (era de Salvador) e o mais velho, 70 (um médico que morava em Arraial da Ajuda, no sul da Bahia).
Luiz Mott acrescentou que 78% dos crimes contra homossexuais foram registrados como sendo de "autores desconhecidos". "O problema é que muitas testemunhas têm medo de depor, o que dificulta a investigação." De acordo com Marcelo Cerqueira, três providências devem ser tomadas para reduzir a violência contra os homossexuais: exigir que a polícia e a Justiça punam a homofobia, intensificar uma campanha pedindo que a população respeite os homossexuais e conscientizar os gays, travestis e lésbicas a evitarem situações de risco. "Ninguém deve levar desconhecidos para casa."
Recomendações
Para reduzir a violência contra homossexuais, o GGB divulgou em seu site algumas recomendações. Veja abaixo:
1) Evite levar desconhecidos ou garotos de programa para casa. Prefira fazer programas em hotéis, motéis e saunas;
2) Investigue a vida da pessoa com quem pretende sair. Prefira pessoas indicadas por amigos;
3) Só faça programas com elas depois de ter certeza que são de confiança;
4) Nunca beba líquidos oferecidos pelo parceiro eventual. A bebida pode conter soníferos;
5) Evite o famoso "Boa Noite, Cinderela". Em um bar ou boate, por exemplo, se você precisar ir ao banheiro, leve o copo ou invente uma desculpa e jogue o líquido fora;
6) Se levar alguém para casa, não o esconda do porteiro ou de vizinhos. Eles podem ajudá-lo na hora do perigo. É sempre bom ter uma boa relação com esse pessoal. Na hora do babado, eles sempre são solidários;
7) Se for possível, não esconda que é gay. Isso evita chantagem e extorsão;
8) Não se sinta inferior. Não se mostre indefeso, evite demonstrar passividade, medo, submissão. Não cultive o tipo machão, ou pelo menos não mostre que o valoriza tanto;
9) Evite fazer programa com mais de um michê. Antes da transa, acerte todos os detalhes: preço, duração e preferências eróticas;
10) Não humilhe o parceiro. Não exiba jóias, riqueza ou símbolos de superioridade que despertem cobiça. O garoto de programa quase sempre é de classe inferior à sua;
11) Se o encontro for em sua casa, tranque a porta e esconda a chave. Não deixe armas, facas e objetos perigosos à vista, você é dono da casa e deve dominar a situação;
12) Quando for agredido, procure a polícia, peça exame de corpo delito e denuncie o caso aos grupos de ativistas homossexuais. Lembre-se que as delegacias de polícia são públicas. Se for maltratado pelo oficial, chame o delegado titular, se ele não estiver, chame o plantonista. Se, mesmo assim, for mal atendido, entre com uma ação contra a delegacia. Não tenha medo!
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