Ele nos conta que, até a década de 90, quando a inflação era muito alta e podia bater facilmente nos 80% ao mês, a grande receita dos bancos no Brasil se chamada float. Float é dinheiro parado em conta corrente sem remuneração que o banco aplicava. Nesta época, os bancos ainda não cobravam tarifas.
Em 1986, veio o Plano Cruzado que, durante um pequeno lapso de tempo manteve a inflação a zero. Com essa experiência, os grandes bancos de varejo perceberam o que ia acontecer com sua receita se um plano de combate à inflação funcionasse em definitivo.
Depois de 1986, o Brasil ainda teve os planos Bresser, Verão, Collor I e Collor II. Finalmente, em julho de 1994, com o Plano Real, ficou claro que a inflação ia cair abaixo de dois dígitos ao ano. "Neste momento, os bancos tiveram de encontrar uma outra forma de manter a receita, e acharam a tarifa", lembra Coradi.
Hoje, para constatar a importância da tarifa para o resultado financeiro dos bancos, basta olhar a demonstração de resultado destas instituições. No plano contábil, há o item Receita de Prestação de Serviços.
TARIFAS BANCAM FUNCIONÁRIOS Porcentagem da folha salarial de bancos coberta com tarifas/2006 | ||||||||||||||||||||||||
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A Receita de Prestação de Serviços, explica Coradi, vai aparecer num bloco híbrido que tem despesas e outras receitas. Quando se divide o valor da Receita de Prestação de Serviços pela Despesa de Pessoal, verifica-se que o valor é superior a 100% em quase todos os casos.
Traduzindo, as tarifas pagam todas as despesas dos bancos com seus funcionários. Em alguns casos, o dinheiro recebido com as tarifas daria para pagar quase duas folhas de pagamento (veja tabela acima). "Com isso, fica claro que os bancos trocaram a receita de float por tarifas. Daí a tentativa do Banco Central de reduzir o número de possibilidades de cobrança de serviços de tarifas."
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